sexta-feira, abril 21, 2006

Hora da virada



Tem algumas músicas que caem como uma luva pro momento que a gente vive ou tá sentindo. Eu adoro essa música da Ana Carolina. Dizem que ela é meio esquisitona, mas é uma grande cantora e é o que importa. É uma mulher bonita também. Que desperdício... "A hora da virada" está no disco Estampado (2003).

Pode ir se preparando, se arrumando
que agora eu quero mesmo é te desarrumar
Pode ir me aguardando eu tô chegando
Tô com tudo pronto pra te incendiar
O amor tá me seguido, me botando na parede
E agora não tem jeito eu vou acelerar
Eu vou chegar com tudo, vou te pegar de jeito
Você não vai ter tempo nem pra respirar

Mas eu não vou te esperar, se você não resolver
Se tem medo de me acompanhar
Pode deixar, eu me mando sem você

Eu já gritei , eu me arrisquei,
Eu me queimei, eu fiz de tudo
Eu me pus no seu lugar,
E se você não responder não fico mais nenhum segundo
Nada vai me segurar

Não vou ficar marcando passo,
Me diz agora se você vem comigo ou se vai ficar
Eu já tô largando tudo, caindo fora
Nada mais me prende aqui nesse lugar
Tô mudando o meu destino
Joguei fora o que não presta
Agora eu quero mesmo e vou enlouquecer
É hora da virada partir pro tudo ou nada
Eu não tô com nem um tempo pra perder...

terça-feira, abril 18, 2006

Cenas palacianas III

Junho de 2004. Velório de Leonel Brizola, no Palácio Piratini.

Centenas de pessoas se amontoavam para dar o último adeus ao velho caudilho. Um assessor da Comunicação Social do Governo do Estado guardava o espaço reservado para a imprensa, que estava inclusive cercado por cordões de isolamento, próximo ao caixão. Com a intenção de furar a fila, um deputado pertencente ao partido do ex-governador falecido, tenta bancar o "garoto ishpérrto". Trava-se o seguinte diálogo entre o político e o jornalista:

Deputado (cuja atuação na Assembléia Legislativa é irrisória e pífia):

- Quero passar! Sou o deputado Fulano de Tal.

Assessor (pedindo a compreensão do ilustre parlamentar):

- Por favor, senhor. Esse espaço é da imprensa. Aqui ficarão os repórteres, fotógrafos e cinegrafistas.

Deputado (impaciente e louco para se exibir para sua meia-dúzia de aspones):

- Mas eu sou o deputado Fulano de Tal, estou falando.

Assessor (com toda a educação do mundo):

- Eu conheço o senhor, deputado. Só estou dizendo que a fila para chegar perto do caixão é por ali, não aqui.

Deputado cretino, cuja base eleitoral é na região das Missões e na fronteira com a Argentina:

- Meu filho, tu não estás entendendo! Sou o DEPUTADO ESTADUAL Fulano de Tal! Sai da minha frente!

E não apenas se avançou para o local reservado à imprensa como empurrou o assessor e ainda levou consigo mais uns dois ou três "zé-ninguém". Sem dúvida nenhuma, uma educação adquirida nas mais rasteiras cavalariças.

Carteiraço. Mais cedo ou mais tarde a vítima será você.

Até quando isso vai continuar, meu Deus?

domingo, abril 16, 2006

Coelhinho da Páscoa, o que trazes pra mim?

Nesta época do ano, assim como o Natal, multiplica-se o número de crianças que pedem esmola na rua e que bancam os malabaristas de sinal fechado. Os piás disputam espaço com os mais velhos, que oferecem uma rápida lavagem no vidro do pára-brisas enquanto os bólidos permanecem parados durante o vermelho aceso da sinaleira.

Eu estava voltando pra casa, na Quinta Feira Santa. Eu dirigia pela Ipiranga e logo depois da Amrigs, dobrei à direita, na Salvador França, para pegar a Bento Gonçalves. Parei na sinaleira, do cruzamento da Salvador com a Bento, em frente à entrada lateral da Igreja São Jorge. Um cara, de seus 25 anos, sem camisa e de bermudão e chinelos já veio com o rodo em direção ao vidro do pára-brisa do meu carro. Fiz sinal de positivo com o dedão e ele começou a lavar o vidro. Quando ele veio falar comigo pela janela, pedi que ele fizesse o favor de fazer o mesmo no vidro traseiro, que estava ainda mais sujinho do que o da frente. O cara repetiu a operação e quando ele veio, esperando uns 50 centavos, puxei uma nota de cinco pilas, porque me deu pena do cara, que parecia realmente estar precisando.

O homem pegou a nota, levantou a cabeça e as duas mãos pro céu, como se agradecesse uma graça divina, beijou a nota e fez vários sinais-da-cruz em seqüência. Fiquei impressionado com a reação daquele jovem durante os rápidos segundos de tal cena até que esverdeou o sinal, arranquei o carro e pelo retrovisor ainda vi que o rapaz estava enebriado com a modesta esmola de cinco reais.

Modesta pra mim. Valiosa para ele. Mesmo com as orientações de que não se deve dar esmolas, acho que ajudei alguém a ficar um pouco feliz. Dizem que não se deve dar o peixe e que o certo é ensinar a pescar. Mas tem gente que não tem força nem pra segurar o caniço.

O trabalho dignifica e enobrece o homem...

O que é pior do que feriadão de Páscoa com tempo ruim e chuvinha molha-bobo? Ahá! É estar de plantão num feriadão de Páscoa...

Cenas palacianas II

Após vários anos atirado à própria sorte, o banheiro do porão do Piratini é restaurado. Piso novo, pintura das paredes e das portas refeitas, duas novas pias instaladas e até um espelho maior e novinho em folha.

Primeiro dia. Impacto geral com a novidade, elogios e até um comentário - um pouco exagerado, é verdade - de que, do jeito que o banheiro estava, era possível até dormir ali.

Segundo dia. Cinzas de cigarro no chão, poças de mijo pelo piso, galera que não puxou a descarga, papel sujo fora do cestinho e vaso entupido porque jogaram até comida na privada.

Pérolas aos porcos...

terça-feira, abril 11, 2006

Blá-blá-blá whiskas sachê

Esse verão foi estranho pra mim, diria até que foi cabuloso, o mais estranho que vivi. Eu praticamente não vi o verão passar. Sentir, eu senti, claro. Tremendo calorão, verdadeira fornalha. “Forno Alegre”. No trabalho, a equipe estava sempre fatiada. Gente trabalhando na praia, em Capão e em Cassino. Gente de férias. Gente “cedida” para outros departamentos. Depois veio a campanha das prévias. E o Gersinho aqui se virando nos trinta, que nem aquele malabarista que equilibra pratos giratórios com as mãos, com o queixo, com o nariz e até com os ombros. Isso sem falar que tive que antecipar a recuperação da minha cirurgia devido a “interesses superiores”. E a minha saúde que se fú, né? Fui pra praia nos quatro finais de semana de janeiro. Os dois primeiros em Rainha do Mar, na casa da Lê, e os dois seguintes em Tramandaí, na colônia de férias do Geraldo Santana. Bah, correria durante a semana no trabalho e correria durante o final de semana naquele vai-sábado-pro-litoral-e-volta-domingo-pra-capital. Não dava nem pra tomar o gostinho. E é engraçado que quando a gente chega na praia e se afasta dessa panela de pressão chamada Porto Alegre, dá uma sonolência... Ah, ficar na praia dá uma paz, faz um bem.

Tirei 15 dias de férias e nesse meio tempo houve o carnaval. Descansei carregando pedras, pois comentei os desfiles de Porto Alegre pela Rádio Guaíba. Terminou o carnaval e – vupt – de volta à realidade palaciana. E dê-lhe audiências em gabinetes, viagens, reuniões de pauta, plantões, coordenar o estúdio, aturar delírios (vários), incomodações (muitas), nunca aparentar estar cansado ou descontente, sorrir e ser simpático com todo mundo e blá-blá-blá whiskas sachê.

Aí eu chego em casa e tenho que pagar as contas de telefone, luz, condomínio, net, internet, seguro do carro, a minha Unimed e o Ulbra Saúde da minha mãe, providenciar o salário da empregada, me preocupar em mandar arrumar o vaso sanitário que entupiu porque caiu o refil do Pato Purific, brigar com o cara da desentupidora picareta que me enrolou durante quase uma semana e não consertou o estrago, sustar o cheque dessa firma FDP, me estressar com a velha do térreo que acha que a umidade da parede no apartamento dela é por causa de um vazamento no nosso apê, fazer cálculos pra ver se não vou entrar no cheque especial, torcer para que o mês termine logo, nunca aparentar estar cansado ou descontente, sorrir e ser simpático com todo mundo e blá-blá-blá whiskas sachê.

E depois de tudo isso, a Lê exige toda a atenção do mundo, tenho que escutar todo um rosário de reclamações, não posso nem ler o jornal no domingo, e eu nunca posso aparentar estar cansado ou descontente, sempre ter que sorrir e ser simpático com todo mundo e blá-blá-blá whiskas sachê.

E tem gente que ainda por cima me acha um cara muito calmo e tranqüilo e que pensa que aparentemente eu não tenho problemas na minha vida. Como se vê, quase não tenho mesmo. O resto é blá-blá-blá.

Cena palaciana

Repórter:
- O senhor é candidato à reeleição?

Governador do Estado (de boa vontade, mesmo após responder a mesma pergunta 399 vezes):
- Vocês já sabem a minha posição. Eu já falei sobre isso.

Repórter acéfalo, setorista de política de uma emissora de rádio:
- Mas pra mim o senhor não falou.

Friends will be friends

Pô, que legal. Divulguei o blog para a minha rede de amigos do Orkut e não é que o retorno foi imediato? Várias pessoas comentaram e deram retorno das minhas verdades, meias-verdades e outras não tão verdadeiras assim. Claro que o feed-back se deu menos pelas minhas qualidades literárias e muito mais pela bondade e carinho dos bróderes e das sisters. É sinal que a galera curte esse tipo de canal de comunicação. É como cantava o "Rei" Roberto: eu quero ter um milhão de amigos, e bem mais forte poder cantar.

E eu até pensava que esta história de "diário virtual" já tinha arrefecido. Que nada! Tendo em vista o incentivo da galera, me deu ânimo e multiplicou a responsabilidade de caprichar sempre nos assuntos que renderem essas mal-digitadas linhas.

segunda-feira, abril 10, 2006

Domingo feliz!!!

* Que bom! Depois de cinco anos, o tricolor voltou a ganhar um Gauchão. E que bom que foi em cima do "Co-irmão"...hehehehe E na casa "deles"...

Diamantes, moranguinhos, Sele-Inter, Inter-Show... que nada! Pura balela. Perderam o título pro Grêmio de Jeovânio e Pedro Júnior, tá ligado? E assim como foi há mais de 15 anos naquele jogo contra o Olímpia, o Abelão retornou ao Beira-Rio para perder, mesmo sendo favorito. Tá certo que o jogo terminou 1 x 1 mas foi o empate com o melhor gosto de vitória que o Tricolor da Azenha já teve. Olêêê, Grêmioooo... olêêê, Grêmioooo!

* Que bom que a semana vai ser curta, graças a Deus e ao feriado da Páscoa. Vamos trabalhar 2ª, 3ª e 4ª. Na Quinta-Feira Santa, vamos trabalhar só de manhã. Que beleza! Tem colegas que vão sair na quinta para almoçar e só voltarão na segunda-feira. Na Sexta-feira Santa eu folgo, mas eu me ralei porque peguei plantão no Sábado de Aleluia pela manhã e no Domingo de Páscoa de tarde. O brabo é que quando estamos de plantão, o domingo custa a passar. Em compensação, na semana seguinte tem outro feriadão (Tiradentes) e aí eu vou à forra. E se for possível quero viajar para botar minha cabeça em ordem.

sábado, abril 08, 2006

Nostalgia...tomou conta de mim!

É uma sensação estranha conversar com pessoas mais jovens do que eu. Não falo de crianças, mas, às vezes, uma galera com uma diferença para cinco, oito, dez anos. Já passei dos trinta mas me considero um cara jovial e minhas lembranças são recentes, nada daquela coisa de que "no meu tempo" ou "quando eu tinha a tua idade". Claro, sou jovem há mais tempo, mas não estou naquela de ser chamado de "senhor". Aliás, volta e meia recebo este tratamento, que é mais flagrante quando estou de terno e gravata em virtude do trabalho.

Mas essa diferença é mais visível quando converso sobre música, programas de tevê, times de futebol ou quanto à parnafernália de equipamentos. Tem uma galerinha aí com menos de 25 anos que nunca ouviu falar de Duran Duran ou Culture Club - duas bandas que eu adorava escutar e assistir os clipes nos programas como Clip-Clip (TV Globo) ou FM-TV (na extinta TV Manchete - bah, agora eu fui fundo né?).

Quando eu falo do Flamengo de Zico, Atílio, Leandro, Júnior e Andrade, ou do Grêmio de Renato, Mazaroppi, De León e Vilson Tadei, para mim, é como se a qualquer momento eles entrassem novamente em campo, tais as lembranças recentes que tenho desse esquadrão. O problema é que os craques do Flamengo já ultrapassaram os cinqüenta e os do Grêmio já estão na metade dos quarenta.

E falar sobre diversões eletrônicas como Telejogo Philco, Atari e Odissey? Ou jogos para brincar em dia de chuva tipo Banco Imobiliário, War, Detetive, Pula-Pirata e Aquaplay? Ir até à Dylan Discos pedir pro dono da loja gravar em duas fitas Basf de 60 min o vinil duplo Tommy, do The Who?

Eu procuro estar atento também às novidades. E adoro sair à noite. Principalmente nos finais de semana ou vésperas de feriados. Pô, era isso que eu fazia quando não ganhava o suficiente para me manter e não tinha carro. Hoje tenho um salário que está looooonge (mas beeeeem looooonge meeeeeesmo) do ideal, mas não vivo mais de mesada e tenho meu corsinha 95 que é velho mas tá pago.

Já alguns amigos que tenho e que são da minha geração (entre 32 a 38 anos) parecem que realmente vestiram a indumentária de que são "senhores". Esse pessoal não vê mais graça em ir em shows musicais ou vem com respostas como o famigerado "já não tô mais nessa de sair na noite pra dançar". Resultado: parece que eu sou um ser anacrônico. Sinto-me tipo um Peter Pan. Será que o nosso prazo de validade é dos 18 aos 23 anos? Que depois disso tudo passa ser visto como coisa de adolescente?

Como bom capricorniano, sento que quanto mais velho fico, me sinto mais jovial. Acho que os caprinos nascem com 80 anos e quando se tornam octogenários estão mais alegres do que bebês. Eu gostaria de chegar numa idade avançada super bem de cabeça, atento às novidades e sem preconceito nenhum.

Um comercial que passava nas tevês não faz tanto tempo assim resume o meu sentimento. Eu nem me lembro exatamente o que a propaganda vendia, mas tinha imagens de um senhor de idade e uma locução, em off, que dizia algo como "aos 50 anos eu resolvi aprender um outro idioma. Vai que eu fique velho e não realize esse sonho. Aos 60 anos, eu senti vontade de voar de asa-delta. Vai que eu fique velho e não realize esse sonho. Aos 70 anos, eu senti vontade de pular de pára-quedas. Vai que eu fique velho e não realize esse sonho. Agora, aos 80, estou aprendendo a pilotar um avião. Vai que eu fique velho..."

quarta-feira, abril 05, 2006

Eis-me aqui

05.04.2006

Pois é pessoal! Depois de algum tempo, como diria Gilberto Gil ób-óbservando alguns blogs e vendo vários camaradas postarem os seus, resolvi fabricar o meu também! E por uma simplíssima razão. Este blog servirá como uma válvula de escape. Cheguei à conclusão que as pessoas não têm a paciência que eu tenho em ouvir as outras. Também cheguei à conclusão de que são poucos os amigos dispostos a isso. E também cheguei à conclusão que amigos são espécimes raras, que poderiam estar expostas no Museu de Ciência e Tecnologia da PUC.

Nesse blog vou escrever poucas e boas. "Duela a quien duela", como diria aquele presidente collorido. Se você tiver saco ou simplesmente curiosidade, fique à vontade. Aguardem!