terça-feira, abril 18, 2006

Cenas palacianas III

Junho de 2004. Velório de Leonel Brizola, no Palácio Piratini.

Centenas de pessoas se amontoavam para dar o último adeus ao velho caudilho. Um assessor da Comunicação Social do Governo do Estado guardava o espaço reservado para a imprensa, que estava inclusive cercado por cordões de isolamento, próximo ao caixão. Com a intenção de furar a fila, um deputado pertencente ao partido do ex-governador falecido, tenta bancar o "garoto ishpérrto". Trava-se o seguinte diálogo entre o político e o jornalista:

Deputado (cuja atuação na Assembléia Legislativa é irrisória e pífia):

- Quero passar! Sou o deputado Fulano de Tal.

Assessor (pedindo a compreensão do ilustre parlamentar):

- Por favor, senhor. Esse espaço é da imprensa. Aqui ficarão os repórteres, fotógrafos e cinegrafistas.

Deputado (impaciente e louco para se exibir para sua meia-dúzia de aspones):

- Mas eu sou o deputado Fulano de Tal, estou falando.

Assessor (com toda a educação do mundo):

- Eu conheço o senhor, deputado. Só estou dizendo que a fila para chegar perto do caixão é por ali, não aqui.

Deputado cretino, cuja base eleitoral é na região das Missões e na fronteira com a Argentina:

- Meu filho, tu não estás entendendo! Sou o DEPUTADO ESTADUAL Fulano de Tal! Sai da minha frente!

E não apenas se avançou para o local reservado à imprensa como empurrou o assessor e ainda levou consigo mais uns dois ou três "zé-ninguém". Sem dúvida nenhuma, uma educação adquirida nas mais rasteiras cavalariças.

Carteiraço. Mais cedo ou mais tarde a vítima será você.

Até quando isso vai continuar, meu Deus?

Um comentário:

Marcela Brack Mourão disse...

ah, brisa, revela aí qual deputado foi... eu chamava "security, please, we have a situation here!"