sábado, abril 08, 2006

Nostalgia...tomou conta de mim!

É uma sensação estranha conversar com pessoas mais jovens do que eu. Não falo de crianças, mas, às vezes, uma galera com uma diferença para cinco, oito, dez anos. Já passei dos trinta mas me considero um cara jovial e minhas lembranças são recentes, nada daquela coisa de que "no meu tempo" ou "quando eu tinha a tua idade". Claro, sou jovem há mais tempo, mas não estou naquela de ser chamado de "senhor". Aliás, volta e meia recebo este tratamento, que é mais flagrante quando estou de terno e gravata em virtude do trabalho.

Mas essa diferença é mais visível quando converso sobre música, programas de tevê, times de futebol ou quanto à parnafernália de equipamentos. Tem uma galerinha aí com menos de 25 anos que nunca ouviu falar de Duran Duran ou Culture Club - duas bandas que eu adorava escutar e assistir os clipes nos programas como Clip-Clip (TV Globo) ou FM-TV (na extinta TV Manchete - bah, agora eu fui fundo né?).

Quando eu falo do Flamengo de Zico, Atílio, Leandro, Júnior e Andrade, ou do Grêmio de Renato, Mazaroppi, De León e Vilson Tadei, para mim, é como se a qualquer momento eles entrassem novamente em campo, tais as lembranças recentes que tenho desse esquadrão. O problema é que os craques do Flamengo já ultrapassaram os cinqüenta e os do Grêmio já estão na metade dos quarenta.

E falar sobre diversões eletrônicas como Telejogo Philco, Atari e Odissey? Ou jogos para brincar em dia de chuva tipo Banco Imobiliário, War, Detetive, Pula-Pirata e Aquaplay? Ir até à Dylan Discos pedir pro dono da loja gravar em duas fitas Basf de 60 min o vinil duplo Tommy, do The Who?

Eu procuro estar atento também às novidades. E adoro sair à noite. Principalmente nos finais de semana ou vésperas de feriados. Pô, era isso que eu fazia quando não ganhava o suficiente para me manter e não tinha carro. Hoje tenho um salário que está looooonge (mas beeeeem looooonge meeeeeesmo) do ideal, mas não vivo mais de mesada e tenho meu corsinha 95 que é velho mas tá pago.

Já alguns amigos que tenho e que são da minha geração (entre 32 a 38 anos) parecem que realmente vestiram a indumentária de que são "senhores". Esse pessoal não vê mais graça em ir em shows musicais ou vem com respostas como o famigerado "já não tô mais nessa de sair na noite pra dançar". Resultado: parece que eu sou um ser anacrônico. Sinto-me tipo um Peter Pan. Será que o nosso prazo de validade é dos 18 aos 23 anos? Que depois disso tudo passa ser visto como coisa de adolescente?

Como bom capricorniano, sento que quanto mais velho fico, me sinto mais jovial. Acho que os caprinos nascem com 80 anos e quando se tornam octogenários estão mais alegres do que bebês. Eu gostaria de chegar numa idade avançada super bem de cabeça, atento às novidades e sem preconceito nenhum.

Um comercial que passava nas tevês não faz tanto tempo assim resume o meu sentimento. Eu nem me lembro exatamente o que a propaganda vendia, mas tinha imagens de um senhor de idade e uma locução, em off, que dizia algo como "aos 50 anos eu resolvi aprender um outro idioma. Vai que eu fique velho e não realize esse sonho. Aos 60 anos, eu senti vontade de voar de asa-delta. Vai que eu fique velho e não realize esse sonho. Aos 70 anos, eu senti vontade de pular de pára-quedas. Vai que eu fique velho e não realize esse sonho. Agora, aos 80, estou aprendendo a pilotar um avião. Vai que eu fique velho..."

3 comentários:

Anônimo disse...

Putz, "seu" Gerson - só pra continuar no tema da idade - tocaste num nervo sensível com este teu comentário. Sabes que às vezes pra mulher desta idade (eu tenho 34, quase 35) a situação é ainda mais chata. Casada há quase 2 anos, "settled" como se diz por aqui, "quando é que vêm os bebês?" é uma pergunta muito freqüente. Pois eu ainda tô decidindo que carreira vou seguir - infelizmente nunca fui tão determinada quanto tu - não quero nem pensar em criança. Aproveita a tua eterna e sempre-nova juventude (coisa de Capricorniano ou não) e viva o Grêmio do Renato, do Mazzaropi, Tarciso e do ... Batista!!! (tu TENS que te lembrar da farra que foi quando ele veio pro Grêmio!)

Anônimo disse...

Pois é meu amigo Briza , eu tb me vejo muito nessa situação da idade, ainda que ela venha a ser mais imposta pelo tempo dos outros do que pelo nosso tempo. Quanto toco bateria me vejo com a mesma sensação que tinha quando tocava aos 15 anos. O estilo muda pouco e a função é a mesma, rolar um som e sair do trivial. E olha que o terno e gravata nunca me encomodou tinha tempos que tocava assim mesmo, sempre gostei.
Sempre tive a teoria de que homem feio tem que andar bem vestido. Ainda em relação ao tempo tenho algumas recaídas como por exemplo ser casado já a doze anos e ter dois filhos. O que mais me alegra é ver o menor, de quatro anos, dar risada dos velhos desenhos do nosso tempo (e que tempo é o nosso?). De qualquer forma ele rí e eu acho o máximo como se eu mesmo estivesse me vendo, me vendo em um tempo em que ele não terá mais , sem o mesma liberdade de rua de ficar a noite até maissssss tarde e voltar prá casa com o grito da mãe. Mas ele terá o tempo dele, tempo em que eu serei referência de sabedoria e respeito ou dependendo de total pena quando ele crescer. É aí que se esbarra no tempo de vida, quando se vê alguém que ti vê como tempo de vida. Claro que o que importa é o que realmente construímos por dentro, e o que importa mais ainda é a verdadeira idade que sentimos que temos e essa muitas vezes o corpo não permite que possamos demonstrar com claresa. Talvez com a sabedoria
divina o corpo nos diga isso para que não venhamos a ter atitudes incompatíveis com a nossa experiência. Um dia vi escrito de um grande pintor se não me engano: é preciso ser extravagante quando joven porque quando ficamos velho nos chamarão de gagás!Abração!

Anônimo disse...

E o sonho era ter um relógio G-SHOCK ou CITZEN, e um Escort XR-3...ficávamos imaginando que um dia a gente ia trabalhar, ter dinheiro e fazer e ter tudo o que a gente queria nesta época. Mas existem pessoas à nossa volta, todo um mundo, e até mesmo muitas pessoas e situações que dependem da gente, ai é que a gente vê que é como aquela música que o Belchior canta: "...ainda somos como nossos pais...", mas não há de ser nada, pois que ainda temos esperança, e enquanto esta ainda existir, estamos ai, porque se nem isto tivermos, ai sim é hora de partir para outra, se para o andar de cima ou de baixo, ai já é outra história.