quinta-feira, julho 05, 2007

Intolerância nos tempos de cólera...

Ainda me causa engulhos aquelas pichações com insultos racistas contra a implementação de cotas raciais que emporcalharam os muros e as calçadas nos arredores do Campus Central da Ufrgs nos últimos dias do mês de junho. Meu Deus!

Já não bastasse a insegurança e a impunidade, agora estamos vítimas também da intolerância!

Tudo isso porque o debate a respeito das ações afirmativas não é qualificado. A maioria das opiniões que leio, vejo e escuto e que se mostram contrários à medida mudam o foco sobre a discussão, sempre cantando o mesmo refrão de que “as cotas têm que ser sociais e não raciais”, chegando ao requinte de questionar “por que elaborar cotas apenas para os negros e não para as outras etnias”? Ou o discurso surrado de que “é preciso melhorar a educação no Brasil e dar acesso à população ao ensino básico”. Ok, mas isso, na prática, só empurra o problema com a barriga e não se resolve nem uma coisa nem outra.

No Brasil, as cotas são realidade em 16 universidades federais e em mais 19 universidades estaduais de Ensino Superior. E o Rio Grande do Sul, estado mais caucasiano do país, nesse aspecto, vem se caracterizando pelo atraso. A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que deveria ter votado as cotas em junho, cancelou a reunião e ainda não estabeleceu nova data. Na Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg), a discussão não deve ocorrer neste ano. A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) não iniciou o debate.

Eu ainda quero escutar de algum filósofo, historiador, atropólogo ou intelectual que explique porque conflitos raciais acontecem nas regiões do ponto cardeal sul. O que é que tem esse tal de sul? É o sul dos Estados Unidos, África do Sul, sul do Brasil...

Se eu não encontrar ninguém que me responda isso eu mesmo pesquisar esse assunto que renderia teses e até livros.










Um comentário:

Ferdibrand disse...

Questão muito complicada, Gerson, especialmente neste caldeirão de culturas em que, a cada geração, é mais difícil caracterizar racialmente pessoas ou populações.

Mas o fato é que, independentemente de receitas de DNA, os brasileiros de origem africana ainda estão alijados, de uma maneira geral, de melhores oportunidades e condições de vida.

As cotas não são nenhuma panacéia, mas concordo que são uma forma de minimizar os efeitos de 500 anos de dominação.