segunda-feira, dezembro 14, 2009

Há 20 anos...

No sábado, dia 12, houve a comemoração dos 20 anos de formatura da minha turma do 3º ano do Colégio Militar.
Muito legal o encontro. Daquela gurizada, somos atualmente jornalistas, engenheiros, advogados, médicos, profissionais liberais, militares, enfim, a grande maioria está com uma boa colocação na vida.
Me deu saudade ao entrar no Salão Brasil, ao caminhar pelo Pátio Plácido de Castro e pelas dependências do CMPA.
Recordar é viver!



quinta-feira, novembro 19, 2009

sábado, outubro 24, 2009

terça-feira, julho 07, 2009

Ditos pelotenses

Encontrei na internet uma relação de expressões muito usadas pelos pelotenses e, lógico, se utiliza em outras regiões do Estado. Confira algumas pérolas:

- quando alguma coisa surpreende negativamente, normalmente de diz algo do tipo "Mas que coisa!" Na minha família, a expressão é "Mas será o pé do cabrito!?" ou ainda "Será o pé do bicho?!" Não me perguntem por quê;

- quando alguém tem um acesso de fúria, ou de paixão do tipo beijo-beijo-beijo-abraço-abraço-aperto, se diz que tá tendo um "ataque de cinco minutos" ou que "bateu a miudinha";

- quando a coisa fica feia, complicada, se diz que "preteou pro lado dos castelhanos"; Recentemente, o cronista Paulo Sant'Anna apresentou uma versão semelhante, em virtude dos resultados não satisfatórios da dupla Grenal na Libertadores e Copa do Brasil, com: "preteou o olho da gatiada".

- "Cisca daí" - Expressão empregada sempre que se quer que uma pessoa ou animal deixe imediatamente o recinto ou pare imediatamente de fazer alguma coisa. Vale para crianças (ver mandinhos), gatos, cachorros e afins;

- Cristiar - Verbo regular que significa enganar, passar pra trás. Ex.: Quando em uma divisão de comida, a outra pessoa está ficando com mais da metade, disse-se "Acho que tu estás me cristiando!";

- Trinque - Designação pelotense para aquilo que todos chamam de trinco de porta.

- Freje - Bagunça, alaúza, balbúrdia. Empregado da seguinte forma "-Chega de freje!" quando a mãe queria cortar o nosso barato;

- quando na minha família se está fazendo alguma coisa e já se encheu o saco, quer terminar logo, ainda que feito não tão bem quanto deveria, se usa a expressão "Pra quem é, bacallhau basta". A expressão é portuguesa e se deve ao fato de que em Portugal o bacalhau chegava com fartura às classes mais modestas. Achei isso em uma página de turismo portuguesa;

- Por que cargas d´água...? É usado em expressões de interrogação, quando não se sabe o motivo de algo ter ocorrido, por ex.: "Mas por que cargas dágua esta cremeira está na estante?";

- Cremeira/cremeirinha: potinho/tigelinha de sobremesa, geralmente de vidro ou porcelana. O nome parece ter sido dado porque eram usados para servir cremes. Muito comuns eram aqueles de louça branca com uns losangulinhos laranja nas bordas, que quando quebravam viravam em mil caquinhos, lembra? Depois foram substituídos pelos Duralex caramelo;

- quando alguém espalha aos 4 ventos alguma coisa que deveria permanecer em segredo, Vó Ninhinha sempre diz: "-Nunca falta um boi corneta!" Obs.: Boi-corneta: boi que, com seus mugidos, reúne parte do rebanho em torno de si;

- algariado/algariação: Um sujeito algariado é alguém que está ou é elétrico, estabanado, inquieto, barulhento. A frase clássica é a segunite: "Vamos parar de algariação!" que equivale a mandar parar com a bagunça;

- venda: mini-mercado, bolicho, pequeno armazém. Em Pelotas tem sempre um a cada 100-150m, ou seja um por quadra;

- quadra: quarteirão;

- pão de meio: pão francês de meio quilo. Sempre dava briga para ver quem ficaria com o bico;

- bico: a ponta do pão. Cada pão tem dois "bicos". Pena isso de ter havido a "evolução" para o pãozinho de 50g (que em Pelotas é cacetinho - sem risos, por favor). Agora todo mundo tem bico. Humpf;

- pão diquartiquilo: pão francês de 250g ou de um quarto de quilo;

- mandinho: criança, garoto, piá

- tirar: Em Pelotas a gente não "cursa" nem "faz" faculdade ou curso nenhum. Lá, pelo menos para os mais velhos, a gente "tira". Ex.: Fulaninha está tirando medicina. Ou melhor, mais de época: Maria Alice tirou o normal. (Normal era magistério). Inacreditável, mas é verdade. Juro;

segunda-feira, maio 18, 2009

Cotas...mais uma vez (dá-lhe, Zulu!)


Estou impressionado com o número elevado de artigos que atualmente pululam em jornais, revistas, sites e outras publicações de autoria de "gentes" se manifestando contra as cotas e outras ações afirmativas. Questionam e criticam a adoção destas ações, ora invocando uma suposta inconstitucionalidade, ora querendo substituir por "cotas sociais", que segundo afirmam, seriam "mais justas".

Pois o presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, elaborou um belo texto, intitulado Cotas, mentiras e videotapes!, em resposta à inteligentzia, aos filhos bem criados da classe média e até mesmo a afrodescendentes que querem se celebrizar ao se mostrar contrários às ações compensatórias. Pena que alguns jornais/revistas não tivessem coragem de publicá-lo. Porém, o Blog du Brisa - que adora uma polêmica - reproduz, na íntegra, o texto publicado originalmente na Revista Raça Brasil nº 132.

Cotas, mentiras e videoteipes!
por Zulu Araújo, presidente da Fundação Cultural Palmares / Ministério da Cultura

Os ataques partiram de todos os lados (emissoras de televisão e rádio, jornais, blogs). Não importa que a proposta tenha sido mitigada por critérios sociais na Câmara dos Deputados e que as pesquisas apontem o sucesso onde elas foram implantadas. "Somos contra", afirmaram em uníssono os representantes da maior frente política articulada contra a promoção da igualdade no Brasil.

Enfim, as máscaras caíram. Nenhuma proposta ou alternativa é apresentada. São contra tudo que signifique promoção da igualdade neste país (bolsa-família, cesta básica, demarcação das terras indígenas... ). Desta vez fulanizada em opiniões absolutamente díspares e caricatas, ora pela boca de eminentes antropólogos, sociólogos ou jornalistas, ora por filhos bem criados da nossa classe média privilegiada e de vez em quando por afrodescendentes ávidos pelos 15 minutos de fama, repetiram a ladainha de sempre: As cotas não resolvem o problema da desigualdade racial no ensino, excluem o mérito do processo seletivo, racializam as relações na sociedade brasileira.

Em sua sanha destrutiva foram mais além. Um renomado cientista fez a seguinte afirmação na revista Época (n° 568): "A escravidão é uma coisa horrorosa que aconteceu há mais de 200 anos. Quem é que tem de pagar por isso hoje? O imigrante italiano?" Para este cidadão, quem deve continuar pagando a conta somos nós, que fomos escravizados. Quer algo mais explicito? Pela lógica deste cidadão, os palestinos também poderiam construir a seguinte frase: "A expulsão dos judeus da sua terra natal foi horrorosa, por que passados mais de 2000 anos nós é que temos de pagar a conta? Cômico, senão trágico, se a vida fosse tão simples assim.

Vale a pena lembrar aqui que foi a Organização das Nações Unidas(ONU), da qual o Brasil é membro, que estabeleceu a reparação como mecanismo compensatório à escravidão, reconhecida como crime de lesa-humanidade.

Mentiras - Vale tudo para desconstruir esta pequena possibilidade de reparação da imensa dívida que este país possui para com quase metade de sua população. Escondem-se as pesquisas, os números e a secular exclusão dos afro-brasileiros da educação, do mercado de trabalho, da mídia e de tudo que signifique poder real neste país. Mente-se de forma despudorada. Mistificam-se opiniões isoladas e omitem-se as conseqüências crueis dos anos de escravidão e discriminação racial.

Tudo isto, para que os privilégios sejam justificados em nome de uma meritocracia fajuta, pois está mais do que comprovado que o sistema seletivo atual não avalia mérito algum. Mentem quando afirmam que as cotas raciais são o problema. Querem que tudo continue do jeito que está sob a justificativa de que somos um país pacifico, com um povo ordeiro e mestiço, que nunca viveu os horrores da discriminação e do racismo. Só faltam dizer que a escravidão foi boa para os africanos, pois afinal lhes deram uma religião, bons modos e acesso a uma nova civilização. Nas inúmeras matérias, entrevistas, artigos e editoriais, os representantes dos quase dois terços da população que é favorável às cotas são solenemente ignorados. É um verdadeiro massacre midiático. Seguramente o mais longo e bem articulado dos últimos 20 anos.

Vídeoteipe - Nos últimos ataques, os porta-vozes da elite brasileira revelam bem mais que uma discordância com as ações afirmativas. Avançam para o terreno da defesa pura e simples do direito ao privilégio para uma minoria bem nascida e bem nutrida. Nenhuma política que vise alterar o status quo vigente é correta. É como se todas elas estivessem impregnadas do veneno mortal da igualdade. Sonham de olhos bem abertos com o retorno ao passado, como se a vida pudesse ter remake ou vídeoteipe. É como se houvesse uma determinação divina para que o acesso à universidade, aos melhores empregos, aos cargos de direção do país e às nossas melhores terras sejam exclusivamente dos mesmos que ao longo dos últimos quinhentos anos se locupletaram com as riquezas de nossa nação ao custo da escravização, da exclusão e da discriminação da maioria do povo brasileiro. Ainda bem que os homens e mulheres de boa vontade são a maioria deste país e cada vez mais conscientes de que o Brasil só será uma democracia de fato e de direito quando a fraternidade, justiça e igualdade for para todos. Vamos à luta !

Toca a zabumba que a terra é nossa !

Falou e disse, Zulu!

segunda-feira, maio 04, 2009

Profissão

 Moyséis Marques - Profissão




Profissão

(Luiz Carlos da Vila - Sereno - André Renato)
Canta: Moysés Marques

Acrredito que Deus
Me fez um varredor
Pra jogar fora os meus
Infortúnios do amor
Se me fez bacharel
Valeu, meu Deus do Céu
Já tenho defesa pras peças que a vida pregou

Se eu trabalho pra mim
Aí é que eu me dou
E aprendo assim
A ser bom professor
Se o mau tempo me vem
Sorrio e digo amém
Um dia após outro dia o vento levou

Se ele quer um maestro
Eu sigo no gesto e orquestro com a mão
Dando, tirando, buscando
O comando que for o melhor pra canção
Quando eu fui o bombeiro
Eu fui o primeiro que a chama apagou
Aceso solidário coração

Se eu for requisitado
Pra ser deputado ou vereador
Eu vou lutar para honrar
E fazer jus ao voto do meu eleitor
E se eu vier marinheiro
Um bom brasileiro acerto a maré
Eu sou da profissão de amor e fé


sexta-feira, abril 24, 2009

RELACIONAMENTOS (Arnaldo Jabor)

        'Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim.
        Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:
        ' -Ah,terminei o namoro...
        -Nossa, estavam juntos há tanto tempo.....
        -Cinco anos...que pena...acabou....
        -é...não deu certo...'

        Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
        E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.
        Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
        Às vezes voce não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
        E não temos essa coisa completa.
        Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.
        Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
        Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
        Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.
        Tudo junto, não vamos encontrar.
        Perceba qual o aspecto mais importante para você e invista nele.
        Pele é um bicho traiçoeiro.
        Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
        E as vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
        Acho que o beijo é importante...e se o beijo bate...se joga..se não bate...mais um Martini, por favor...e vá dar uma volta.
        Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.
        O outro tem o direito de não te querer.
        Não brigue, não ligue, não dê pití.
        Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar.... ou não.
        Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
        O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa
        REALMENTE gostar, ela volta.
        Nada de drama.
        Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?
        O legal é alguém que está com você, só por você.
        E vice versa.
        Não fique com alguém por pena.
        Ou por medo da solidão.
        Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
        E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
        Tem gente que pula de um romance para o outro.
        Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
        Gostar dói.
        Muitas vezes você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração.....
        Faz parte. Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo.
        E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse....
        A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
        Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta.
        Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
        Na vida e no amor, não temos garantias.
        Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
        Nem todo beijo é para romancear.
        E nem todo sexo bom é para descartar... Ou se apaixonar... Ou se culpar...
        Enfim...quem disse que ser adulto é fácil ?????'


       texto atribuído a Arnaldo Jabor

quinta-feira, março 26, 2009

Porto Alegre 237 anos


No dia em que Porto Alegre completa 237 anos de fundação (apesar de que há controvérsias quanto à data), a trilha sonora predominante - praticamente a única nesta época do ano - é a música "Porto Alegre é demais", de autoria do prefeito José Fogaça e executada exaustivamente há, no mínimo, 10 anos.

No entanto, o grande puxador de samba Jajá (Paulo da Silva Dias) compôs, ainda na década de 1970, um sambão em homenagem à capital gaúcha, gravada por Antônio Lemos. A música não teve tanta repercussão quanto à composição do prefeito, mas é muito mais bonita e inspirada do que a canção que diz que "é lá que as gurias etc e tal". Uma pena que o samba do Jajá, tão bonito, e praticamente desconhecido e esquecido, não sirva também para o povo parabenizar Porto Alegre.

Nas reportagens que vejo e ouço sobre Porto Alegre, as personalidades/lugares da cidade sempre tem um viés burguês: Eva Sopher, Luis Fernando Verissimo, Tânia Carvalho, Moacyr Scliar, Bom Fim, Calçada da Fama, Moinhos de Vento, Theatro São Pedro... Por que quase nunca se cita a Porto Alegre da "perifa"? Por que não Vila Jardim, Campo da Tuca, Partenon, Floresta Aurora, Bedeu, Wilson Ney, Bataclã F.C., Pagode do Dorinho, Satélite Prontidão, Vera Daisy Barcellos?

A foto que ilustra este tópico retrata o pôr do sol visto da Sociedade Floresta Aurora, na zona sul de POA.

sábado, março 14, 2009

Este ano meu carnaval não foi igual àquele que passou


Não sei explicar exatamente porquê, mas este ano eu não fiquei pilhado com o carnaval. Fosse uns anos atrás, eu ficaria completamente algariado, com as letras dos sambas enredo na ponta da língua, vontade de ir a tudo quanto era ensaio nas escolas daqui e não perder um só segundo das transmissões dos desfiles do Rio de Janeiro.

Este ano, não. Depois da frustração de não ter sido chamado pela rádio para comentar o carnaval, fiquei realmente inclinado a ficar alheio da folia, aventando até, quem sabe passar o período de carnaval fora de Porto Alegre. Curtir o feriadão na praia até que não seria má ideia. Mas a dois ou três dias dos desfiles daqui de Porto Alegre, recebi um convite da AECPARS (Associação das Entidades Carnavalescas) para integrar o júri do Estandarte de Ouro. 

Completamente sem grana para ir à praia e sentindo uma comichãozinha para novamente ir até o Complexo do Porto Seco, aceitei ser jurado e passar as três noites de desfiles no sambódromo. Aí, aproveitava e fazia a cobertura da festa para o Kazumba. Mas cá, pra nós, comentar desfiles de carnaval para uma rádio ou tevê é tudo de bom. Azar da Guaíba, que perdeu ao não chamar a mim nem ao meu parceiro Paulo Filandro, depois de três anos comentando carnaval para eles, sendo que os dois primeiros anos não rolou 1 só centavo de cachê.

Ah, falando em não receber 1 único centavo, ser jurado do Estandarte de Ouro também não dá direito a muita regalia não. Cachê (ou ajuda de custo, se preferirem) não rolou, nem para a gasosa pro Brisamóvel se deslocar 16 km ida e volta no trajeto minha casa-Porto Seco. Janta, muito menos. A única coisa que tive direito foi ter acesso a um freezer com água mineral e refrigerantes. Só para me "vingar", aproveitei o calor que fez nas três noites e mandei ver nas garrafinhas d'água e nos refris hehehe. Ao final dos desfiles, nem um "muito obrigado, Gerson". Fazer o quê, né?

O pessoal que veio a peso de ouro do Rio de Janeiro para julgar o carnaval daqui, também estava desgostoso porque queriam mais mordomias do que simplesmente hospedagem em hotéis 5 estrelas, passagens de avião e alimentação. Um dos julgadores ficou de cara porque não tinha cafezinho para os avaliadores depois da janta. Achei engraçado, porque me lembrei deste fato quando, ao acompanhar a apuração dos resultados, o dito cujo resolveu não avaliar e deu nota 10, em seu respectivo quesito, para todas as escolas.

Agora em abril, haverá a cerimônia de entrega do prêmio aos vencedores do Estandarte de Ouro. Tomara que a AECPARS se lembre de me convidar novamente. Pelo menos para assistir a soleniade, nem que seja em pé mesmo...

sexta-feira, março 06, 2009

Quem é você???


Agradeço a visita de quem acessa o Blog du Brisa.


Apenas solicito a quem queira comentar que, ao menos, deixe um e-mail (válido) para que eu responda. Anônimos não terão vez.


sábado, fevereiro 14, 2009

Quem desfila é soldado...


Nessa época de pré-carnaval, meu ídolo Nei Lopes publicou em seu Lote, uma gostosa crônica sobre as origens da folia e algumas considerações do carnaval contemporâneo. Curti tanto que merece reprodução. O texto, bem-humorado, é, também, ácido e implacável.

Manda ver, mestre Nei.

"QUEM DESFILA É SOLDADO”, JÁ DIZIA O WALDINAR.

Um certo jornalismo de variedades, que às vezes nos engana, fantasiado de “cultural”, insiste em confundir samba com carnaval, espetáculo com folia, alhos com bugalhos. É assim que, para esse jornalismo, todo diretor de bateria é “mestre”, todo sambista é “bamba”, toda “musa” tem “samba no pé”, e qualquer bebum deprê, desde que vista uma fantasia no carnaval, mesmo que seja uma reles camiseta de bloco de boteco ilustrada pelo picasso da esquina, é um “folião”.

A mesma linha de “raciocínio”, que repete mais do que pesquisa, vai sempre buscar as origens do carnaval brasileiro nas saturnais romanas, que, dizem, celebravam a volta da primavera e o renascer da natureza; e daí passa pelos bailes de Veneza, Nápoles e Florença, chega ao Zé Pereira e a um certo “Congresso das Sumidades Carnavalescas” que ninguém sabe bem o que foi.

O que quase ninguém menciona é que, embora relacionado ao ca­len­dá­rio ca­tó­li­co, o car­na­val do Brasil e das Américas – o das ruas, livre e solto ( “abada”, camiseta e camarote é outro papo) – tem raízes em vá­rias cul­tu­ras afri­ca­nas. Em Gana, por exemplo, entre o povo Akan, é co­mum a rea­li­za­ção de um gran­de fes­ti­val ­anual, o od­wi­ra (na ilustração acima), se­gui­do de um lon­go pe­río­do de re­co­lhi­men­to e abs­ti­nên­cia, co­mo na qua­res­ma. Devido a es­sa si­mi­li­tu­de, as ce­le­bra­ções car­na­va­les­cas nas Américas com cer­te­za de­vem sua ale­gria e seu bri­lho, fun­da­men­tal­men­te, à mú­si­ca dos ­afro-des­cen­den­tes. Assim foi e é, no Brasil, nos ran­chos car­na­va­les­cos, nas es­co­las de sam­ba, nos maracatus, afo­xés, blo­cos-­afro etc.; no can­dom­be pla­ti­no; nas com­par­sas cu­ba­nas; e no mar­di­gras, nas Antilhas e em New Orleans.

Em toda a América colonial, isolados pe­la so­cie­da­de do­mi­nan­te, africanos e descendentes uniam-se pa­ra ce­le­brar o car­na­val à sua mo­da, com a mú­si­ca e a dan­ça de sua tra­di­ção, in­tro­du­zin­do, na fes­ta eu­ro­péia, ­além dos ins­tru­men­tos ca­rac­te­rís­ti­cos, ­suas cren­ças e seu mo­do de ser. Na Martinica, o cos­tu­me foi ado­ta­do por vol­ta de 1640 e as fes­ti­vi­da­des do kan­na­val, co­mo é de­no­mi­na­do o car­na­val mar­ti­ni­ca­no, ex­pres­sam-se em um es­ta­do de es­pí­ri­to pe­cu­liar, trans­mi­ti­do de ge­ra­ção pa­ra ge­ra­ção. Durante mui­to tem­po a fes­ta rea­li­za­da na ci­da­de de Saint-Pierre foi o pon­to cul­mi­nan­te da co­me­mo­ra­ção na ­ilha, e, ten­do sua fa­ma se es­ten­di­do pe­lo Caribe, ­atrai anual­men­te mi­lha­res de vi­si­tan­tes de to­do o mun­do. Depois da de­vas­ta­do­ra erup­ção vul­câ­ni­ca de 1808, a tra­di­ção car­na­va­les­ca re­vi­veu em Fort-de-France, a no­va ca­pi­tal da Martinica, on­de, nos ­dias de ho­je, os pre­pa­ra­ti­vos co­me­çam na epi­fa­nia, em mea­dos de ja­nei­ro, e se es­ten­dem até a quar­ta-fei­ra de cin­zas. Durante es­se pe­río­do e no car­na­val pro­pria­men­te di­to, a ca­da do­min­go, gru­pos fan­ta­sia­dos ­saem às ­ruas, em tra­jes va­ria­dos: ca­sa­cos ve­lhos, rou­pas fo­ra de mo­da, cha­péus ras­ga­dos, fan­ta­sias bri­lhan­tes e co­lo­ri­das de ar­le­quim, pier­rôs e dia­bos. As más­ca­ras tam­bém são im­por­tan­tes aces­só­rios da fes­ta: ­além das que ho­me­na­geiam ou cri­ti­cam per­so­na­li­da­des do mo­men­to, há aque­las re­la­cio­na­das à mor­te, re­ple­tas de sim­bo­lo­gias afri­ca­nas, cu­jo sig­ni­fi­ca­do Aimé Cesaire en­con­trou em ri­tuais da re­gião de Casamance, no Norte do Senegal (con­for­me Alain Eloise). No Haiti, de mo­do ge­ral, o car­na­val é ce­le­bra­do se­guin­do es­se mes­mo es­pí­ri­to e com tra­ços se­me­lhan­tes aos fes­te­jos que se rea­li­zam no Brasil, em Trinidad e na Louisiana, Estados Unidos. Em Porto Príncipe, o vi­si­tan­te en­con­tra des­fi­les, fes­tas e fan­ta­sias cria­ti­vas, co­mo os que se ­vêem nes­ses lu­ga­res. Da mesma forma em Cuba, onde o carnaval é celebrado, desde o século XVII, em julho; e onde a cidade de Santiago é tida por alguns como o berço do carnaval caribenho.

No Brasil, pelo me­nos des­de o iní­cio do sé­cu­lo XIX, a par­ti­ci­pa­ção do po­vo ne­gro nos fol­gue­dos car­na­va­les­cos sem­pre foi mar­ca­da, também, por uma ati­tu­de de re­sis­tên­cia, pas­si­va ou ati­va, à opres­são das clas­ses do­mi­nan­tes. Proibidos por lei de re­vi­dar aos ata­ques dos bran­cos, afri­ca­nos e criou­los pro­cu­ra­vam ou­tras ma­nei­ras de brin­car no en­tru­do. Tanto as­sim que Debret, en­tre 1816 e 1831, pe­río­do em que vi­veu no Brasil, fla­grou ce­nas in­te­res­san­tes de car­na­val, co­mo por exem­plo, um gru­po de ne­gros que, fan­ta­sia­dos de ve­lhos eu­ro­peus e ca­ri­ca­tu­ran­do-­lhes os ges­tos, zom­ba­va dos opres­so­res, crian­do, sem sa­ber, os cor­dões de ve­lhos, de imen­so su­ces­so no iní­cio do sé­cu­lo XX. Entre 1892 e 1900 sur­gi­ram no car­na­val baia­no, pe­la or­dem, a “Embaixada Africana*”, os “Pândegos d’Áfri­ca*”, a “Chega­da Africana” e os “Guerreiros d’Áfri­ca”, apre­sen­tan­do-se em prés­ti­tos cons­ti­tuí­dos úni­ca e ex­clu­si­va­men­te de ne­gros. Essa mo­da­li­da­de car­na­va­les­ca – “a exi­bi­ção de cos­tu­mes afri­ca­nos com ba­tu­ques” – se­ria proi­bi­da em 1905 na Ba­hia. Exatos ­dois ­anos de­pois, sur­ge no Rio de Janeiro o ran­cho car­na­va­les­co “Ameno Re­sedá*” que, pre­ten­den­do “­sair do afri­ca­nis­mo orien­ta­dor dos cor­dões” (con­for­me Jota Efegê), con­quis­ta, com ­seus en­re­dos ope­rís­ti­cos, im­por­tan­te es­pa­ço pa­ra os ne­gros no car­na­val ca­rio­ca, pre­pa­ran­do o ca­mi­nho pa­ra as es­co­las de sam­ba, que sur­gi­riam um pou­co ­mais tar­de. Estruturadas no fi­nal dos ­anos de 1920, de 1932, ano do pri­mei­ro des­fi­le real­men­te or­ga­ni­za­do, até os ­dias de ho­je, as es­co­las de sam­ba ca­rio­cas vi­ve­ram vá­rias fa­ses de um ins­ti­gan­te pro­ces­so dia­lé­ti­co. Nunca dei­xa­ram de ser, no en­tan­to, pe­lo me­nos em te­se, nú­cleos de re­sis­tên­cia ne­gra – a ri­ca sim­bo­lo­gia das ­alas de baia­nas e das ve­lhas-guar­das cons­ti­tui exem­plo em­ble­má­ti­co.

Enquanto as es­co­las ca­rio­cas iam se trans­for­man­do, na Bahia ­eram fun­da­das agre­mia­ções co­mo o afo­xé “Filhos de Gandhi”, em 1948, “pa­ra di­vul­ga­ção do cul­to na­gô, co­mo for­ma de afir­ma­ção ét­ni­ca”, se­gun­do ­seus es­ta­tu­tos; o blo­co-­afro Ilê ai­yê, em 1974, “por um gru­po de jo­vens cons­cien­tes da ne­ces­si­da­de de man­ter vi­va a lu­ta dos ­seus an­ces­trais pe­la com­ple­ta in­te­gra­ção so­cial da po­pu­la­ção ne­gra no Brasil”, tam­bém con­for­me ­seus ob­je­ti­vos es­ta­tu­tá­rios; e o afo­xé “Badauê”, em 1978, tor­nan­do, se­gun­do o es­cri­tor Antonio Risério, “ir­re­ver­sí­vel o pro­ces­so de rea­fri­ca­ni­za­ção do car­na­val da Bahia”.

Mas nessa reafricanização, o capital acabou entrando de cabeça. Aí, vieram, entre outras novidades, os blocos-de-trio e os abadás (“abadá” é, no sentido originário, aquela espécie de blusão masculino, sem gola, usada no oeste africano e nos candomblés). Da mesma forma que, nas escolas de samba cariocas, veio aquele padrão de fantasia que, qualquer que seja o enredo, mistura punhos egípcios com capacetes astecas e capas de super-heróis, etc.

Em meio a tudo isso, veio a síndrome do “desfile”, do espetáculo, em prejuízo da “saída” espontânea, contaminando até o bloquinho mais mixuruca ali da esquina. É, então, que nos vem a cabeça a célebre frase do saudoso jornalista e boêmio carioca Waldinar Ranulpho (1922-1985), o qual, na sua ácida verve de cronista carnavalesco, talvez o último deles, um dia fulminou:

– Sambista “sai”, meu sinhô! Quem “desfila” é soldado! Grande Waldinar!...

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Show "Tantos carnavais"


Meu dileto amigo e colega no governo do Estado nos tempos da administração Rigotto, o cantor e intérprete Victor Hugo estará em cartaz com o show "Tantos carnavais", recebendo o auxílio luxuoso do pianista Geraldo Flach. O espetáculo é formado por um repertório de marchinhas carnavalescas.

A apresentação acontece no dia 12 de fevereiro, a partir das 20h, no foyer do Teatro Bourbon Country. Vale a pena conferir.

Victor Hugo participou e venceu diversos festivais de músicas nativistas o RS. É jornalista, radialista, foi diretor da Rádio FM Cultura, diretor do Instituto Estadual de Música, secretário substituto e titular da Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Significa!



Pena que aqui em POA não pega a TV Gazeta. Nem em tevê aberta, nem em UHF e, pelo que me consta, nem na net. É que na emissora paulista rola o Todo seu, apresentado pelo cantor Ronnie Von. Segundo o editorial da atração, trata-se de "um programa feminino com uma visão masculina".

E não é que o cara, ícone da masculinidade e cantor-galã desde os tempos da Jovem Guarda (é só lembrar dos hits "A praça", "Meu bem", "Tranquei a vida", "Cachoeira"), lançou uma gíria nova para chamar uma pessoa de gay. Alguém gravou, postou o vídeo no You Tube e pimba! virou coqueluche. Até a galera do CQC adotou o "Momento Significa".

O "Todo seu" tem um bloco em Ronnie Von dá uma de conselheiro, lendo cartas do público sobre relacionamento, vida sexual, etc. Ele leu a seguinte pergunta: “Ronnie, sou solteiro e há algum tempo atrás fui numa festa do amigo de um amigo meu, que eu não conhecia. Quando chegamos, fomos apresentados e, desde então, não consigo tirar ele da minha cabeça. Estou muito confuso. Isso significa que eu sou gay?”

Sério e sem tirar os olhos da fichinha, ele responde, na lata: Significa!

Well, entonces, quando você ouvir por aí que Fulano de Tal "significa", isso quer dizer que ele é gay. Tá boa, santa?

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Para começar o ano bem...

Um poema de Mario Quintana, para alegrar os nossos corações.


Existe somente uma idade para a gente ser feliz
Somente uma época na vida de cada pessoa
Em que é possível sonhar.

E fazer planos e ter energia bastante para realizá-los
A despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida
E viver apaixonadamente!!

E desfrutar tudo com toda intensidade
Sem medo nem culpa de sentir prazer.
Fase dourada em que a gente pode criar
E recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança.

E vestir-se com todas as cores
E experimentar todos os sabores
E entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem
Em que todo desafio
É mais um convite à luta que a gente enfrenta.

Com toda disposição de tentar algo novo
De novo e de novo, e quantas vezes for preciso.
Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE!!!
E tem a duração do instante que passa.