sexta-feira, fevereiro 28, 2014

DICAS PARA QUEM DETESTA CARNAVAL



Êba, é carnaval! Mas para mostrar que sou tolerante com os que detestam os dias de folia, consultei sites, jornais, rede de amigos e me inspirei em um texto de Luiz Antônio Simas e preparei uma lista de programas de índi...(ops!) dicas para quem quer “fugir do agito” (copiei a expressão de um conhecido jornal alegre-portense). Vejam como pode também ser divertido ficar alheio ao evento. Eis aí a lista com “ótemas” opções para quem não é chegado no ziriguidum:

1- Rebanhão. Ah, uns com fé demais e outros com fé de menos... Neguim passa o ano inteiro maldizendo, malfalando, praguejando, xingando a esposa, traindo o marido e batendo nos filhos e aproveita justamente o carnaval para expiar os pecados no retiro espiritual. Mas já que é assim, que se aproveite o tríduo momesco para orar, entoar cânticos de louvor e ouvir a Palavra. E na quarta-feira de Cinzas, volta tudo como era antes no quartel de Abrantes: maldizer, praguejar, xingar a esposa, trair o marido, bater nas crianças...

2- Maratona em mostra cinematográfica. O nome dessas mostras geralmente é muito criativo: Fugindo do Carnaval (genial!). Enquanto eu estiver me preparando para assistir meus Imperadores do Samba e entoar o bonito samba dos Acadêmicos de Gravataí, o sujeito pode assistir a filmes dos mais conhecidos diretores da vanguarda cinematográfica sul-coreana, responsáveis por obras altamente experimentais, privilegiando o ritmo pausado, o forte conteúdo visual muitas vezes sangrento, o parcimonioso uso do diálogo e a ênfase em elementos criminais ou marginais da sociedade.

3 – Se você for amante das artes, vale a pena conferir a exposição A Bela Morte – Confrontos com a Natureza-Morta no Século XXI, no Margs. A ideia é mostrar um olhar atualizado sobre a natureza-morta, a arte de representar frutas e outros objetos inanimados. Tão emocionante quanto o grito de guerra do puxador Alexandre Belo.

4- Quer paz, sossego, e ficar longe de gente suada se esfregando no salão? Seus problemas acabaram, amigão/amigona! Passe o tríduo momesco na Cidade dos Pés Juntos, o famoso cemitério! E curta o melhor da arte cemiterial da nossa cidade. Você pode visitar o túmulo do Teixeirinha no Cemitério da Santa Casa. Indico também ir ao São Miguel e Almas, visitar o mausoléu da família Mathias Velho, onde anjos abrem o túmulo de Cristo diante de um romano espantado. O monumento é um dos melhores exemplos de arte funerária de Porto Alegre. O Jardim da Paz, na Lomba do Pinheiro, é considerado o mais belo “cemitério-parque” do Brasil, tem clima bucólico e não se escuta qualquer baticum.

5- Maratona do descarrego nas unidades da Igreja Universal do Reino de Deus. Durante quatro dias pastores realizarão exorcismos e descarregos em tempo integral. A igreja promete encerrar o evento com a realização do ritual da fogueira santa de Israel, onde os bilhetes com pedidos dos devotos arderão na pira do Leão de Judá. Promete ser mais animado que o desfile da Imperatriz Leopoldense sobre a China.

6- Apreciar as belezas naturais da nossa cidade. Eis um programa tremendamente interessante para os que detestam o tríduo. Levantar às cinco horas da manhã para fazer caminhadas ecológicas, trilhas e trekkings, com oportunidade de integração entre os colegas e a realização de um piquenique comunitário. Deve ser tremendamente divertido, sobretudo se chover.

7- Festas, raves, bailinhos, baladas ou o raio-que-o-parta. Em plena sexta-feira, véspera de carnaval, uma “baita festa” vai acontecer em boate na Cidade Baixa, programa ideal para os descolados de plantão, com direito a muito som indie, funk, soul. Tem outra festa, no mesmo bairro, cujo nome já diz tudo: I Hate Carnaval. É o programa mais indicado para rapazes frescos e jovens lésbicas intelectualizadas.

8- Camarotes vip no Complexo Cultural Porto Seco e das cervejarias na Marquês de Sapucaí; sempre repletos de subcelebridades, gente bem e personalidades (oi?) do meio político. É, sem a menor dúvida, o melhor programa para quem de fato detesta carnaval.

Depois dessas dicas que provam, repito, minha compreensão em relação aos não carnavalescos, abrirei a primeira gelada do dia, pedirei axé aos meus guias, licença ao povo da rua (que não sou besta), e declararei aberto o meu Carnaval.

Evoé!