sábado, agosto 25, 2007

Eu sou aquele que disse


Na década de 1980 eu escutava muito Raul Seixas. Cheguei a ter uma coleção considerável de álbuns e gravações do artista. Tempos depois, eu descobri outro maldito igualmente genial: Sérgio Sampaio (1947-1994). E foi de uma maneira interessante: eu encontrei o disco "Tem que acontecer" (1976), na discoteca da Rádio da Universidade, na época em que eu era estagiário na emissora. Pus a bolacha a rodar em um dos toca-discos e pirei com o álbum.


Até então, eu só me lembrava da música "Eu quero é botar meu bloco na rua", que o artista participou de um festival da canção, no início dos anos 70. Tempos depois eu achei na net a íntegra do álbum que Sérgio Sampaio gravou após o festival e adorei a inquietude do compositor. E destaco a música "Eu sou aquele que disse", uma pequena obra-prima. Para mais informações de Sérgio Sampaio, acesse o Dicionário de MPB, de Ricardo Cravo Albin (clique aqui).



Eu sou aquele que disse

(Sérgio Sampaio)

Eu tenho os dias contados
Um encontro marcado
E as mãos na cabeça
Eu tenho o corpo fechado
Que soltem as feras
Diante da mesa
Eu sou aquele que disse
Tanto limão pelo chão
Soltem cachorros nos parques
No pátio interno os ladrões
Cante, converse comigo
Antes que eu cresça e apareça
Mesmo eu não estando em perigo
Quero que você me aqueça

Neste inverno, ou não
Neste inferno, ou não

Aqui, meus olhos vermelhos
Meu rosto pregado
Antes que eu esqueça
Aqui, eu abro meu jogo
Não mato, não morro
Nem perco a cabeça

Eu sou aquele que disse
Tanto limão pelo chão
Soltem cachorros nos parques
No pátio interno os ladrões
Cante, converse comigo
Antes que eu cresça e apareça
Mesmo eu não estando em perigo
Quero que você me aqueça

Neste inverno, ou não
Neste inferno, ou não

Eu sou quem pede e não manda
Mantenha distância
Da minha cabeça
Eu sou quem acha e não acha
E se fala e se cala
É debaixo as mesa

Eu sou aquele que disse
Tanto limão pelo chão
Soltem cachorros nos parques
No pátio interno os ladrões
Cante, converse comigo
Antes que eu cresça e apareça
Mesmo eu não estando em perigo
Quero que você me aqueça

Neste inverno, ou não
Neste inferno, ou não

quarta-feira, agosto 22, 2007

Carroças


Um dos problemas insolucionáveis que existe em Porto Alegre é a circulação de carroças, em pleno século 21. De um tempo para cá, a situação piorou, quase beirando a calamidade.


No tempo em que a cidade era governada pelo PT (cuja administração fez a proeza que promover o emplacamento de carroças) o trânsito de veículos de tração animal era regulado. As carroças não podiam circular nas grandes avenidas entre as 8 da manhã até às 6 da tarde. A administração Fogaça chegou, faz vistas grossas e parece que há um estado de "liberou geral".


Enquanto isso, a gente observa as carroças se arrastando nas vias rápidas em plena luz do dia, a qualquer hora, forçando os pobres animais a carregarem pesos insuportáveis. O pior é quando a gente vê crianças guiando esses...vá lá... veículos. E a EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) se omitindo...
Até quando? Acho que só até o ano que vem, que é ano eleitoral...

quarta-feira, agosto 01, 2007

Que tempo bom, que não volta nunca mais


Meu amigo Nelson Furtado, ex-colega de Fabico e que mora na Alemanha, me enviou essa foto-relíquia, tirada às durante uma aula de Jornalismo.

Sempre gostei de fotografias em preto e branco. E uma imagem como essa confere uma aura de "tempos românticos", de "eu era feliz e não sabia" que eu acho bacana. Acredito que essa foto deve ter sido feita por volta de abril/maio de 1994. Portanto, às vésperas da nossa formatura, que ocorreu no dia 7 de agosto daquele ano. Pô, vamos fazer 13 anos de formados! Parece até que foi ontem...

Na foto, tem gente que eu vejo seguido, gente que eu não vejo tão seguido e outros que nunca mais eu vi. No sentido dos ponteiros do relógio:

Claudia Borges (a loira sentada na mesa): Uma das amigas mais queridas que eu tive na Fabico. Apesar do estilo femme-fatale, a Claudia sempre foi muito na dela. Paradoxalmente, seu sonho era tornar-se médica. Atualmente é repórter do Jornal do Comércio. Trabalhamos juntos no início do ano, quando eu fiz um frila de dois meses no jornal.

Inês Figueiró: (de perfil): Inês é uma relações-públicas que resolveu se tornar jornalista. Uma colega muito simpática, comunicativa e com um bom humor indomável. Poucos meses após a formatura, ela esteve na Europa e foi trabalhar no eixo Rio-São Paulo. Esteve em vários jornais, entre eles, a Gazeta Mercantil, e em algumas agências noticiosas. A última vez que eu tive notícias dela, Inezita estava trabalhando para a Revista Caras, cobrindo o universo das celebridades.

Ieda Fumagalli: O Nelson me ajudou a identificar esta colega. Ela era muito gente boa, muito solícita e participativa nas aulas. Era um pouquinho mais velha do que o grosso da turma, formada por muita gurizada.

Márcia Lerina: Uma colega estilo low-profile. Era oriunda de uma ou duas turmas anteriores à nossa (que entrou na faculdade no segundo semestre de 1990). Por essas coincidências do destino, encontrei a Márcia em Não-Me-Toque, durante uma feira agrícola, há cerca de dois anos. Ela estava cobrindo o evento para uma agência de notícias. E eu, trabalhava na assessoria de imprensa do Palácio Piratini e acompanhava o então governador Rigotto.

Ana Cristina Beheregaray: Outra das minhas colegas mais chegadas. Fizemos juntos muitos trabalhos em grupo. Tivemos muitos bate-papos nas mesas do bar da faculdade, no R.U, nas idas e vindas nos ônibus da linha São Manoel. A Ana se formou em Jornal mas não trabalhou na área. Logo em seguida, ingressou diplomada na faculdade de Letras e passou num concurso público. Faz muito tempo que não a vejo. Que saudades, Aninha!

Sylvia Santibañez: Essa chilena simpática e tranqüila estudou na Fabico graças àqueles intercâmbios com as universidades federais de outros países latinos. Aliás, a Ufrgs tinha e ainda têm muito disso: além de brasileiros, era possível encontrar nas salas de aula estudantes argentinos, chilenos, colombianos e até guatemaltecos. Pelo que eu sabia, a Sylvia tinha casado com o seu - na época - namorado brasileiro pouco depois da formatura. Não a vi mais desde então.

Paulo Gilvane: Tremenda figuraça! O Gilvane se formou na nossa turma depois de quase 10 anos de universidade. Eu o conheci numa das reuniões de formandos e fiquei irritado com aquele cara avulso que queria ditar regra na nossa colação de grau. Pouco tempo depois da formatura, acabamos trabalhando junto na Rede Band e nos tornamos bastante amigos. Junto com Denian Couto formávamos uma espécie de Irmãos Metralhas nas muitas festas que fizemos. Depois de sair da Band e trabalhar na Gaúcha, abandonou a RBS e criou um pequeno império de comunicação chamado Agência Radioweb. Eu brinco dizendo que o Paulo Gilvane é o "pequeno Cidadão Kane".

Marcelo Silva, vulgo Marcelinho: Um ótimo colega. Era assim chamado, no diminutivo, para ser diferenciado de outros tantos Marcelos que existiam na Fabico. Na nossa turma, aliás, tinha outro, o Cavalcante, carinhosamente chamado pelos colegas de Marcelo Mala. Marcelinho era bastante inteligente, dono de um aguçado senso de humor, porém, era muito tímido e introvertido. Logo após a formatura, passou num concurso público e é servidor do Estado.

Luísa Vaghetti (de cabelos curtos, sentada no computador): Também era uma figura. Uma mulher de fases. Seu humor oscilava bastante. Mas era incapaz de fazer mal a uma mosca. Quando estava de bem, Luísa era a festa em pessoa. Quando não estava tão de bem, sumia da faculdade e, quando retornava, tinha seu visual alterado, geralmente cortando os cabelos. Ávida leitora e um faro incomum para a reportagem, alguns amigos a chamavam de Lois Lane (a namorada-repórter do Super Homem). Contestadora e militante da Anistia Internacional, Luísa ainda hoje está envolvida em causas sociais na sua terra natal, Pelotas.

Paulo James (sentado, de pernas cruzadas): Um rocker! Esta era a definição do Paulinho. Músico, desde seu ingresso na faculdade, foi baterista de bandas de rock, como Os Rebeldes e, logo em seguida ajudou a fundar os Acústicos e Valvulados, grupo em que atua até hoje. Mesmo adepto do rock and roll, James (apelido em função de seu visual à la James Dean) nunca foi alienado e sempre participava ativamente das aulas.

Eu, Gerson (acocorado): Estou segurando nas mãos um exemplar da revista Goool. Eu já estava atuando na publicação como sub-editor. Na época, o editor era meu amigo e colega Marcelo Donelles Coelho (hoje na TVE). E eu ostentava com orgulho o fruto de meu primeiro trabalho assinado como profissional num veículo impresso.

Alexandre Rocha: O Rochinha foi meu colega no Colégio Militar. Apesar disso, freqüentamos poucas aulas juntos na faculdade, em virtude dele ter ingressado um semestre antes de mim, apesar de termos sido aprovados no mesmo vestibular. Alexandre enveredou para a carreira acadêmica e é professor da Universidade Federal de Santa Catarina, onde é Doutor em Semiótica. Na foto, segura um exemplar da Sextante, revista-laboratório dos alunos de Jornalismo da Fabico.

Carla Andrade: A Carla era uma das poucas colegas casadas da nossa turma. Casada e já com filhos, apesar de não ser tão mais velha que o restante da turma. Junto com a Inês, pertencia ao time de mulheres-com-voz-rouca. Passou por vários veículos, até abrir sua própria empresa de comunicação, atuando no ramo de assessoria de imprensa.

Nelson Furtado: Meu brotherzão na turma de Jornalismo. Nos primeiros semestres, eu me dava bastante com o Jairo e o Felipe, que cursavam PP. Com o Nelson, encontrei uma espécie de alma-gêmea. Tínhamos gostos parecidos com música, futebol e também por jogar conversa fora. Quando assumi como editor na Goool, convidei-o a fazer uns frilas para a revista. Até hoje nem sei se o Aveline o pagou... Quando entrei na Band, tentei levá-lo junto, mas ele já estava com planos de se mudar para a Alemanha, onde já mora há 12 anos.

Laura Glüer: Outra espécie de alma-gêmea que eu tive na Fabico. Também é capricorniana e muito inteligente. Nos tornamos amigos bem no início da faculdade. Sempre integrávamos os mesmos grupos para fazer os trabalhinhos acadêmicos. Muita amizade, almoços no R.U., no bar da Fabico, bate papos descontraídos e gostos em comum. Depois da formatura, casou-se, morou no interior, tornou-se mãe de uma menina e nos reencontramos no ano passado graças ao Orkut. É professora de Jornalismo e leciona no IPA.

Outros colegas que não estão na foto e que merecem ser citados: Fabrício Carpi Nejar (hoje um consagrado poetas, considerado um dos nomes mais fortes da nova geração literária), Géssica Trindade (atualmente, repórter de Zero Hora no Vale dos Sinos), Sylvio Sirângelo (repórter-fotográfico, funcionário do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, muito provavelmente deve ter sido ele quem bateu a foto acima), Marcelo Cavalcante (o querido "Marcelo Mala", cinegrafista e jornalista veterano), Denise Garcia (produtora cultural, é casada com o cartunista Alan Sieber. Ela tinha os cabelos longos, escorridos e pretos, da cor da asa da graúna.

Como diria o rapper Thaíde: que tempo bom, que não volta nunca mais.