sexta-feira, dezembro 28, 2007

Filas



É incrível como as pessoas gostam de uma fila. Não aquela simpática raça canina. Fila mesmo, tipo indiana, de um atrás do outro. Tinha até um samba, do Paulinho Mocidade, que tratava sobre isso: "fila para entrar na fila, fila pra furar a fila, fila pra sair da fila..." e por aí vai.

Hoje foi o último dia de expediente externo nas agências bancárias. Muita gente procurou as agências para quitar impostos e tributos, sobretudo IPVA, IPTU e afins. E dê-lhe fila. E eu detesto entrar em banco. Procuro, sempre que possível, pagar todas as minhas contas através do débito em conta, sem enfrentar fila de espera e sem sentir a dor da separação com o rico dinheirinho.

Alguém ainda precisa fazer um estudo psicológico ou antropológico do que se passa em um banco quando as filas estão grandes ou gigantescas. Sempre tem um chato que fica falando alto, e reclamando do atendimento e enchendo o saco dos clientes e dos bancários. Ora, se os trabalhadores que ficam nos guichês tivessem uma varinha de condão, lógico que eles gostariam que o atendimento fosse o mais rápido possível. Mas muitas vezes, o próprio correntista tem sua parcela de culpa. Um funcionário do banco percorreu a fila para tentar resolver o problema dos clientes e até abreviar a permanência dos mesmos dentro da agência, se colocando à disposição para ajudar a pessoa a pagar as contas no caixa eletrônica e a fazer depósitos sem ter que passar pelos guichês. Mas não. A maioria das pessoas fincava o pé e dizia que queriam fazer as movimentações no próprio caixa. Vai entender...

Eu mesmo fui no Banrisul para quitar o IPVA 2008 do Brisamóvel. E iria pagar o imposto com um cheque do Real, tudo porque o Real não recebe pagamento do IPVA. Se eu fosse correntista do Banrisul eu nem entrava na agência.

Mas, voltando à visão antropológica, a fila do banco (assim como as filas de posto de saúde) tem poder mágico de aproximar as pessoas. É possível fazer amigos naqueles escassos minutos de aguardo para ser atendido. É uma amizade efêmera, mas tem pessoas que possuem o dom de se "desnudarem" e confiarem intimidades para outras que nunca viram na vida.
Hoje, dia 28, foi o último dia de atendimento dos bancos. No retorno do feriadão, no dia 2 de janeiro, o movimento tende a ser ainda maior e, com isso, mais extensas serão as filas. E vamos que vamos porque a fila tem que andar!

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Chumbo nas renas


Como diz o jornalista José Simão: o Brasil é mesmo o país da piada pronta.

Manchete do site G1 da tarde de hoje:


Helicóptero que levava papai noel vira alvo de tiros

Aeronave foi atingida ao sobrevoar favela no conjunto de favelas da Maré, Zona Norte do Rio. Piloto retornou para heliponto e Bom Velhinho teve que seguir de carro até festa de Natal.

A violência do Rio não dá trégua nem para Papai Noel. No último domingo (16), um helicóptero que transportava um bom velhinho, rumo a uma festa de Natal na favela Baixa do Sapateiro, no conjunto de favelas da Maré, Zona Norte do Rio, foi atingido por duas balas de fuzil quando sobrevoava a comunidade Vila do João, dominada por uma facção rival. Ninguém ficou ferido, mas o piloto decidiu retornar ao heliponto da empresa, no Recreio dos Bandeirantes. Restou ao papai noel voltar de carro até a comunidade para distribuir presentes para as crianças.

É... a coisa não tá fácil pra ninguém... Até Papai Noel tá levando pipoco.

domingo, dezembro 16, 2007

Eu e os botecos da vida


Eu sou um cara que não tenho uma relação muito estreita com bares e botecos.

O primeiro motivo é prosaico: eu não bebo nada de álcool. Bem, para não dizer que eu não bebo naaaada, eu sou chegado a um espumante (de preferência que não seja brütt) que deve ser degustado em ocasiões especiais e gosto de um bom vinho. No entanto, para ter uma idéia da quantidade que eu ingiro estas bebidas, acho que eu não consumiria três garrafas de cada, ao ano.

Mas, voltando aos bares. Eu chego até a ter uma certa inveja de amigos e conhecidos que tratam um boteco como se fosse um templo. Para esses, é o máximo passar a noite inteira sentado, bebemorando, mordiscando petiscos, batendo longos papos ou filosofando, afinal, o bar é o berço das grandes resoluções...

Eu é que não sou muito dessa viagem. Pra começar, quem não bebe cerveja e sempre pede refrigerante para o garçom - como eu -, se sente pouco à vontade. E eu não posso beber o equivalente em refri o que meus amigos bebem em ceva. Alguém, em sã consciência, conseguiria ingerir, em apenas uma noite, 4 litros de pepsi ou guaraná?

Ao meu ver, o bar serve como uma escala, o local de aquecimento para algo mais grandioso ou apoteótico. Tipo, reunir a galera para sair. Um boteco é um bom ponto de reunião para depois se deslocar a uma festa, um show ou outra efeméride. Para mim, o bar é o meio, nunca um fim.
A duração ideal para que eu fique em um bar varia entre uma a duas horas. E deu. Eu não sairia de casa para passar a noite sentado em um bar. Não consigo. E, de quebra, ainda ter que levar pinguço para casa? Sem chance.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

3 Efes


Assisti hoje, no dia do lançamento nacional, o novo filme do cineasta gaúcho Carlos Gerbase, "3 Efes". Gerbase foi meu professor da cadeira de Fundamentos de Cinema na Fabico e um misto de professor, músico (foi vocalista e baterista d'Os Replicantes), jornalista, escritor e multimídia.

E foi justamente nas "múltiplas mídias" que Gerbase resolveu apostar. A novidade é que o diretor decidiu lançar seu novo longa simultaneamente no cinema, televisão a cabo (Canal Brasil e TV Com), internet (Terra) e DVD. Segundo o realizador, a iniciativa procura driblar o complicado esquema de distribuição de filmes de baixo orçamento no Brasil.

O longa concentra-se em alguns dias na vida de poucos personagens cujas maiores necessidades explicam o título - comida, sexo e "fasma", palavra que vem do grego e tem a ver com a vida em sociedade. A protagonista é Sissi (Cris Kessler), uma jovem universitária que trabalha no telemarketing para ajudar o pai viúvo e desempregado. Como nunca tem dinheiro, ela vive com fome. Uma amiga diz que está ganhando muito fazendo programas, e a moça começa a pensar nessa possibilidade para aumentar a renda. Sua tia Martina (Carla Cassapo), cozinheira de mão cheia, também anda desgostosa com a vida. O marido Rogério (Leonardo Machado) mal tem tempo para ela, pois está cheio de problemas na agência de publicidade onde trabalha. A mulher, que faz pratos elaborados, começa a convidar um catador de papel (Paulo Rodrigues) para dividir a refeição. Da mesa para a cama é só um passo. Rogério não sente muita fome, mas o sexo passa a ter um papel fundamental quando é obrigado a virar amante de sua chefe para garantir o emprego.

O elenco é composto, na maioria, por atores novatos, como Cris Kessler (fisicamente é uma mistura de Débora Falabella com Heloisa Perissée) e Paulo Rodrigues. O sotaque é carregadíssimo e o porto-alegrês campeia nos diálogos. A história mescla momentos de humor, sarcasmo e até significativas doses de tensão.

"3 Efes" não é bem um filme de tramas, mas de personagens, que se concentra nas pessoas e em suas jornadas em busca de suas três maiores necessidades. Aos poucos, suas vidas vão se cruzando até chegar a um clímax. Feito com uma equipe pequena, o longa foi filmado com uma câmera mini-DV, o que facilitou a gravação, reduzindo os custos de produção e exibição.

Abaixo, o trailer do filme:

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Que sina!




Sou escolado em trabalhar em lugares que estão sempre passando por dificuldades financeiras ou as pra lá de manjadas "fases de transição".

Na época em que eu estagiei na Rádio da Ufrgs, pairava no ar o fantasma da privatização da universidade pública. Vivíamos a Era Collor e começavam a escassear os recursos para a educação superior. Os orçamentos eram enxutos e os investimentos para a emissora eram rasos. Contratação de pessoal, nem pensar!

Recém-formado em jornalismo, encontrei na Rede Bandeirantes meu primeiro emprego com carteira assinada, oba! Entrei no plantel da Band FM que, na época, empregava 13 jornalistas. Ao mesmo tempo que a emissora foi adquirindo computadores para a redação, o quadro de profissionais foi diminuindo, diminuindo... Vivíamos a famosa fase de "reengenharia". Um belo dia, o diretor da REde, Bira Valdez, reuniu todos os funcionários no estúdio B da TV para anunciar que a "empresa ia bem". Semanas após, houve um "passaralho" (jargão jornalístico que significa demissão em grande escala) e o quadro de 30 jornalistas que trabalhavam nas quatro mídias da empresa (TV, Ipanema e Band AM e Band FM) foi reduzido para menos da metade. Entre os atingidos, estava eu. Foi muito emocionante, a minha primeira demissão. Meses depois, eu estava de volta, mas a Band sempre foi uma corporação muito instável. A gente anoitecia empregado e corria o risco de amanhecer desempregado.

A Caldas Júnior, no tempo que era dirigida pelos Ribeiro, não tinha estresse nenhum. Meu saudoso amigo Clóvis Ott, responsável pela Editoria Internacional do Correio do Povo, dizia que a Cajú era tipo o INSS. Depois de se encostar na empresa, o cara só saía se morresse. O Jornal do Comércio também não. Entretanto, se não havia perigo de ser demitido por qualquer coisa, a empresa também não investia em melhorias. Saí de lá no início de 2003 e o número de computadores que tinham acesso à internet não enchia uma mão. Na minha breve volta, no início deste ano, eu trabalhei em um pc que ainda usava o Windows 98 como sistema operacional...

Os quatro anos que passei no governo do Estado, meu Deus do céu... Era uma choradeira por falta de grana. Faltavam investimentos para o profissional (pelo menos, ao pessoal que realmente queria trabalhar), demoraram 3 anos e meio para trocar toda a rede computadores que estavam uma década defasados, teve um ano em que fomos proibidos de tirarmos férias nos meses de janeiro e fevereiro, havia sempre o fantasma do atraso no 13º salário e o governador sempre falando que o Rio Grande do Sul estava falido...

Que sina, meu Deus!

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Viagens insólitas


Uma das (poucas) coisas que eu sinto saudades dos tempos quando eu trabalhava no Palácio Piratini eram as viagens. Percorri muitas cidades pelo Rio Grande do Sul afora e que, certamente, se não fosse por trabalho, dificilmente eu conseguiria ter conhecido aqueles municípios.


E foram vários. Acho que uns 50, num cálculo baixo. Muito em função das tais interiorizações, que era a transferência do gabinete do governador para uma cidade do interior. Geralmente isso acontecia 1 ou 2 vezes por mês.


Em alguns lugares, passei calorões mormacentos. Em outros, frios de congelar as orelhas. A situação é que a viagem, em si, é que era relaxante, pelo menos para mim. Era o momento em que eu saía daquele ambiente sufocador que era o prédio do palácio. Ainda mais o lugar onde eu trabalhava - eu coordenava o estúdio de rádio, um lugar sem ventilação, sem janelas, que se entrava para lá e se perdia a noção se era dia ou noite, se lá fora fazia tempo bom ou ruim, se o mundo tinha acabado ou não. Fora os perrengues que eu tinha que administrar junto aos colegas e meus "subordinados".


Viajar para uma outra cidade, por menor que fosse, era uma sensação de liberdade, de deixar para trás aquela gente falsa e hipócrita e entrar em um mundo desconhecido por mim em meu próprio Estado.


O mais divertido dessas viagens eram as próprias viagens. Carros e vans que estragavam, tempestades que a gente pegava no meio do caminho, motorista que errava de estrada, viagens que duravam cinco, seis até sete horas, almoços em restaurantes em pleno meio de mato, hospedagem em hotéis sofisticados e pousadas rústicas, noites mal-dormidas, atrasos na ida e na volta, chegada em Porto Alegre em plena madrugada e muito, mas muito trabalho mesmo.


No último ano de governo eu parei de viajar, por opção própria, e por várias razões. As diárias pagas eram ridículas. Para pernoitar em uma cidade, tipo, chegar numa quinta de tarde para ir embora 24 horas depois, a gente ganhava cerca de R$ 75, que eram ressarcidos uns 10 dias DEPOIS da apresentação da nota que comprovasse o afastamento.


Outro motivo foi porque enquanto eu viajava, o estúdio virava uma gandaia. O pessoal do setor brigava e se discutia uns com os outros, fulano chegava tarde para trabalhar e saía cedo (acreditem: tinha gente que nestes dias nem apareciam no palácio), se eu ligasse pro estúdio para pedir alguma coisa o telefone chamava, chamava e ninguém atendia porque estava todo mundo em outros lugares. A galera achava que pelo fato do governador estar em outra cidade, meio que virava ponto facultativo. É, amigo, repartição pública estadual é isso aí... Eu reclamava, mas de que adiantava? Nunca dava nada...


Mas o brabo mesmo era o estresse para se conseguir um carro (e um motorista) para a viagem. Uma determinação ridícula de Sua Excelência, o governador (ou de seus respectivos aspones, que não eram poucos) orientava que "o governador não queria ver tanto carro oficial na volta dele". Logo, os setores da assessoria de imprensa (rádio, tv, foto, editoria do interior) tinham que ir em apenas 1 (e somente 1) carro. Várias vezes eu ia pros fim-de-mundo e tinha que pedir carona para os colegas de outras secretarias porque o carro que nos levava tinha que levar a galera que ia acompanhar o governador em outros compromissos. Ou seja, se a gente quisesse voltar para Porto Alegre (casa) tinha que arranjar carona, no melhor estilo "se virem". E eu, que aprendi a ser organizado (até porque sempre me foi exigido muita organização), cansei dessa palhaçada. Se era para me incomodar, que eu me incomodasse só em Porto Alegre.


A foto que ilustra esse tópico foi clicada em março de 2005, tendo ao fundo o castelo da família Assis Brasil, em Pedras Altas, cidade localizada a uns 300 km de Poa. Outra hora eu conto como foi essa viagem. Tem histórias hilárias...hehehe. Aguardem!

quinta-feira, outubro 25, 2007

Não se perca no tempo


O relógio postado aqui no blog não reconhece o horário brasileiro de verão e está 1 hora atrasado...


Culpa da Click Link. Queimei a mufa tentando "acertar" os ponteiros, mas não houve cristão que me desse uma luz.


Dizem que relógio atrasado não adianta nada, mas fazer o quê? Conto com a boa vontade dos visitantes do blog.

terça-feira, outubro 23, 2007

Nau do insensato


Uma boa dica para quem gosta de exposições artísticas é o projeto Essa Poa é Boa, que está instalada na antiga fábrica da Renner, ao lado do DC Shopping.


Vários artistas locais, que ficaram de fora da Bienal de Artes Visuais do Mercosul e da Bienal do B, se uniram em mutirão e resolveram organizar uma terceria mostra. Essa Poa é Boa tem entrada gratuita e funciona de terças a domingos, das 10 da manhã às 22h, e estará aberta até o dia 2 de dezembro.


Esta obra em que eu estou - um barco de papel gigante - é uma das vedetes da exposição. Vale a pena conferir, pois o trabalho é bem construído e cheio de surpresas.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Céus, o Natal já chegou... no comércio!


Ainda faltam dois meses, mas o Natal já chegou no comércio aqui em Porto Alegre.


Nem bem terminaram as promoções do Dia da Criança e as lojas já começam a nos bombardear com as decorações natalinas, promoções para compra de presentes, ofertas prometendo pagamentos "só depois do carnaval" e a lembrança de que o bom velhinho logo, logo vem aí. Já tem até presépio montado nos shoppings centers, com a trilha de Jingle Bells.


Isso significa, gente amiga, que o fim do ano chegou, que 2007 passou voando e que 2008 já está batendo na porta! Y así pasan los dias e los años.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Que preguiça!


Às vezes é duro transcrever o que pensamos para a tela do pc. As idéias fervilham, pululam, pipocam e jorram aos borbotões, mas na hora de teclar, bate aquela preguiça e o grande texto se enfumaça.
Mas já, já, o Macunaíma vai descer dessa rede.

quinta-feira, outubro 04, 2007

Eu voltei, pras coisas que eu deixei...


Fiquei mais de duas semanas sem computer e na sexta passada peguei o equipamento de volta da UTI, ops... da assistência técnica.

Tive um gasto que não estava previsto, mas não saí perdendo de todo. Aproveitei e torquei a placa de memória RAM do pc. Agora, a memória está com 512 MB. Maravilha.

Bem, agora é me disciplinar e não deixar o blog tanto tempo sem novidades.

sexta-feira, setembro 21, 2007

Sem pc


Bah, que crise.


Meu pc está estragado. Deu tilt no monitor, que ficou que nem as antigas tevês a válvula... O vídeo escureceu e ficou apenas um feixe luminoso no meio da tela. Holly shit!


E para completar a falta de sorte, o equipamento pifou na noite da quinta-feira passada. No dia seguinte, liguei pruns conhecidos de assistência técnica e pedi que fizessem um orçamento. Só que fiquei esperando em vão. O povo não apareceu na sexta. E como eles não trabalham sábado e domingo, fiquei o fíndi sem pc.


Na segunda, o pessoal da assistência técnica recolheu o monitor e na terça me deram o orçamento: 110 pilas pro conserto. Ok, my boy! Aprovei o serviço e fiquei sem o pc na quarta, na quinta (feriado de 20 de Setembro aqui no RS) e na sexta. Bom, terei minha máquina novamente apenas na segunda que vem.


Eu sou useiro e vezeiro de ficar sem computador às vésperas de final de semana e de feriadões. Lembro que teve um ano que o computdor foi infectado com vírus numa quinta-feira antes do carnaval e não acessava a internet de jeito nenhum. Chamei a assistência técnica e eles só me devolveram o pc dois dias depois da quarta-feira de Cinzas. Pensa que é mole?

terça-feira, setembro 11, 2007

Um tônico para o ego


Cuidado! O elogio entrou em extinção.

Infelizmente, o ato de uma pessoa expressar admiração a alguém, em função de seus dotes físicos, profissionais, artísticos ou morais está démodé. Digo isso porque é mais fácil aprender japonês em braile do que extrair elogios de outrem.

Se for na esfera profissional, então... Aí é melhor tirar o burro da chuva. Engraçado que nos ambientes militares se valoriza bastante o trabalho feito, a missão cumprida. Na época em que eu estudava no Colégio Militar, os alunos eram punidos caso não tirasse boas notas e não tivesse um bom comportamento e uma boa apresentção. No entanto, quem se destacasse positivamente também recebia elogios e premiações.

Receber um elogio, um incentivo, um estímulo, é sempre uma grande satisfação. É melhor até do que receber dinheiro. É uma verdadeira massagem no ego. No entanto, ficou fora de moda. No trabalho, é comum escutar algo como "trabalhar bem é mais do que a obrigação". Ou então: "se o trabalho foi feito errado, se critica. Se foi feito certo, não se diz nada". Ou a mais infame atitude: "não vamos elogiar porque senão se perde a motivação de melhorar".

Chefes de todo o Brasil, de todo mundo. Uni-vos. Elogiem seus subalternos. Engrandeçam o trabalho de seus subordinados. Não há nada melhor do que este afago no ego. Isso só faz bem e nos deixa com a responsabilidade de melhorar ainda mais. Podem acreditar que sim.

sexta-feira, setembro 07, 2007

O cliente da minha mãe


- Morreu o meu cliente!

Assim reagiu a minha mãe, dona Maria, na quinta-feira passada, quando eu li a notícia no jornal sobre a morte do tenor italiano Luciano Pavarotti.

Em abril de 1998, o cantor esteve em Porto Alegre para um show com Roberto Carlos, com acompanhamento da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Pavarotti chegou dois dias antes da apresentação e ficou hospedado no antigo hotel Caesar Tower (hoje Blue Tree Tower), na Lucas de Oliveira. Minha mãe, que é esteticista e que trabalha com massagem terapêutica, na época, trabalhava nesse hotel. Entonces, não foi muito complicado, já que o estabelecimento oferecia aos hóspedes esse serviço, além de ginástica, hidroginástica, sauna, etc.

Assim, há nove anos, minha mãe afumentou as costas adiposas do cantor erudito mais pop do mundo. E lamentou a morte do cliente mais internacional que ela já teve.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Aberta a temporada de feriadões


Oba!!!


Chegamos ao mês de setembro. Mês de transição. O inverno vai dando tchauzinho e dentro de 20 dias começará a primavera. Os dias passam a ser um pouco mais longos, já não anoitece tão cedo e o clima ameniza, não apresentando os terríveis dias friolentos e as temíveis temperaturas geladas.


E o melhor: começou a temporada de feriadões!!!


E já tem um nesta semana, o feriadão do Sete de Setembro, que cai numa sexta-feira. Na seqüência, teremos o dia da gauderiada, o 20 de setembro, que será numa quinta-feira (com uma sexta com jeito de "enforcável"). Em outubro, o feriado nacional do dia 12 cairá também numa sexta-feira, assim como o dia de Finados, em 2 de novembro. Beleza, beleza, beleza.


Ufa, há duas semanas, estou com meu coração e mente voltada para a confecção de três reportagens para uma revista que envolve os três colégios da rede metodista, o que vinha sugando meus esforços nos últimos dez dias. Entreguei meus textos na sexta-feira e agora vou recuperar meu fôlego porque nas próximas semanas passaremos a pensar em uma nova publicação. Daí porque o blog está aparentemente inativo. Mas só aparentemente. As idéias sempre fervilham na cabeça, mas até serem transpostas para a tela do computador é uma longa distância. Mas, como diriam os gringos serranos, andiamo!

sábado, agosto 25, 2007

Eu sou aquele que disse


Na década de 1980 eu escutava muito Raul Seixas. Cheguei a ter uma coleção considerável de álbuns e gravações do artista. Tempos depois, eu descobri outro maldito igualmente genial: Sérgio Sampaio (1947-1994). E foi de uma maneira interessante: eu encontrei o disco "Tem que acontecer" (1976), na discoteca da Rádio da Universidade, na época em que eu era estagiário na emissora. Pus a bolacha a rodar em um dos toca-discos e pirei com o álbum.


Até então, eu só me lembrava da música "Eu quero é botar meu bloco na rua", que o artista participou de um festival da canção, no início dos anos 70. Tempos depois eu achei na net a íntegra do álbum que Sérgio Sampaio gravou após o festival e adorei a inquietude do compositor. E destaco a música "Eu sou aquele que disse", uma pequena obra-prima. Para mais informações de Sérgio Sampaio, acesse o Dicionário de MPB, de Ricardo Cravo Albin (clique aqui).



Eu sou aquele que disse

(Sérgio Sampaio)

Eu tenho os dias contados
Um encontro marcado
E as mãos na cabeça
Eu tenho o corpo fechado
Que soltem as feras
Diante da mesa
Eu sou aquele que disse
Tanto limão pelo chão
Soltem cachorros nos parques
No pátio interno os ladrões
Cante, converse comigo
Antes que eu cresça e apareça
Mesmo eu não estando em perigo
Quero que você me aqueça

Neste inverno, ou não
Neste inferno, ou não

Aqui, meus olhos vermelhos
Meu rosto pregado
Antes que eu esqueça
Aqui, eu abro meu jogo
Não mato, não morro
Nem perco a cabeça

Eu sou aquele que disse
Tanto limão pelo chão
Soltem cachorros nos parques
No pátio interno os ladrões
Cante, converse comigo
Antes que eu cresça e apareça
Mesmo eu não estando em perigo
Quero que você me aqueça

Neste inverno, ou não
Neste inferno, ou não

Eu sou quem pede e não manda
Mantenha distância
Da minha cabeça
Eu sou quem acha e não acha
E se fala e se cala
É debaixo as mesa

Eu sou aquele que disse
Tanto limão pelo chão
Soltem cachorros nos parques
No pátio interno os ladrões
Cante, converse comigo
Antes que eu cresça e apareça
Mesmo eu não estando em perigo
Quero que você me aqueça

Neste inverno, ou não
Neste inferno, ou não

quarta-feira, agosto 22, 2007

Carroças


Um dos problemas insolucionáveis que existe em Porto Alegre é a circulação de carroças, em pleno século 21. De um tempo para cá, a situação piorou, quase beirando a calamidade.


No tempo em que a cidade era governada pelo PT (cuja administração fez a proeza que promover o emplacamento de carroças) o trânsito de veículos de tração animal era regulado. As carroças não podiam circular nas grandes avenidas entre as 8 da manhã até às 6 da tarde. A administração Fogaça chegou, faz vistas grossas e parece que há um estado de "liberou geral".


Enquanto isso, a gente observa as carroças se arrastando nas vias rápidas em plena luz do dia, a qualquer hora, forçando os pobres animais a carregarem pesos insuportáveis. O pior é quando a gente vê crianças guiando esses...vá lá... veículos. E a EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) se omitindo...
Até quando? Acho que só até o ano que vem, que é ano eleitoral...

quarta-feira, agosto 01, 2007

Que tempo bom, que não volta nunca mais


Meu amigo Nelson Furtado, ex-colega de Fabico e que mora na Alemanha, me enviou essa foto-relíquia, tirada às durante uma aula de Jornalismo.

Sempre gostei de fotografias em preto e branco. E uma imagem como essa confere uma aura de "tempos românticos", de "eu era feliz e não sabia" que eu acho bacana. Acredito que essa foto deve ter sido feita por volta de abril/maio de 1994. Portanto, às vésperas da nossa formatura, que ocorreu no dia 7 de agosto daquele ano. Pô, vamos fazer 13 anos de formados! Parece até que foi ontem...

Na foto, tem gente que eu vejo seguido, gente que eu não vejo tão seguido e outros que nunca mais eu vi. No sentido dos ponteiros do relógio:

Claudia Borges (a loira sentada na mesa): Uma das amigas mais queridas que eu tive na Fabico. Apesar do estilo femme-fatale, a Claudia sempre foi muito na dela. Paradoxalmente, seu sonho era tornar-se médica. Atualmente é repórter do Jornal do Comércio. Trabalhamos juntos no início do ano, quando eu fiz um frila de dois meses no jornal.

Inês Figueiró: (de perfil): Inês é uma relações-públicas que resolveu se tornar jornalista. Uma colega muito simpática, comunicativa e com um bom humor indomável. Poucos meses após a formatura, ela esteve na Europa e foi trabalhar no eixo Rio-São Paulo. Esteve em vários jornais, entre eles, a Gazeta Mercantil, e em algumas agências noticiosas. A última vez que eu tive notícias dela, Inezita estava trabalhando para a Revista Caras, cobrindo o universo das celebridades.

Ieda Fumagalli: O Nelson me ajudou a identificar esta colega. Ela era muito gente boa, muito solícita e participativa nas aulas. Era um pouquinho mais velha do que o grosso da turma, formada por muita gurizada.

Márcia Lerina: Uma colega estilo low-profile. Era oriunda de uma ou duas turmas anteriores à nossa (que entrou na faculdade no segundo semestre de 1990). Por essas coincidências do destino, encontrei a Márcia em Não-Me-Toque, durante uma feira agrícola, há cerca de dois anos. Ela estava cobrindo o evento para uma agência de notícias. E eu, trabalhava na assessoria de imprensa do Palácio Piratini e acompanhava o então governador Rigotto.

Ana Cristina Beheregaray: Outra das minhas colegas mais chegadas. Fizemos juntos muitos trabalhos em grupo. Tivemos muitos bate-papos nas mesas do bar da faculdade, no R.U, nas idas e vindas nos ônibus da linha São Manoel. A Ana se formou em Jornal mas não trabalhou na área. Logo em seguida, ingressou diplomada na faculdade de Letras e passou num concurso público. Faz muito tempo que não a vejo. Que saudades, Aninha!

Sylvia Santibañez: Essa chilena simpática e tranqüila estudou na Fabico graças àqueles intercâmbios com as universidades federais de outros países latinos. Aliás, a Ufrgs tinha e ainda têm muito disso: além de brasileiros, era possível encontrar nas salas de aula estudantes argentinos, chilenos, colombianos e até guatemaltecos. Pelo que eu sabia, a Sylvia tinha casado com o seu - na época - namorado brasileiro pouco depois da formatura. Não a vi mais desde então.

Paulo Gilvane: Tremenda figuraça! O Gilvane se formou na nossa turma depois de quase 10 anos de universidade. Eu o conheci numa das reuniões de formandos e fiquei irritado com aquele cara avulso que queria ditar regra na nossa colação de grau. Pouco tempo depois da formatura, acabamos trabalhando junto na Rede Band e nos tornamos bastante amigos. Junto com Denian Couto formávamos uma espécie de Irmãos Metralhas nas muitas festas que fizemos. Depois de sair da Band e trabalhar na Gaúcha, abandonou a RBS e criou um pequeno império de comunicação chamado Agência Radioweb. Eu brinco dizendo que o Paulo Gilvane é o "pequeno Cidadão Kane".

Marcelo Silva, vulgo Marcelinho: Um ótimo colega. Era assim chamado, no diminutivo, para ser diferenciado de outros tantos Marcelos que existiam na Fabico. Na nossa turma, aliás, tinha outro, o Cavalcante, carinhosamente chamado pelos colegas de Marcelo Mala. Marcelinho era bastante inteligente, dono de um aguçado senso de humor, porém, era muito tímido e introvertido. Logo após a formatura, passou num concurso público e é servidor do Estado.

Luísa Vaghetti (de cabelos curtos, sentada no computador): Também era uma figura. Uma mulher de fases. Seu humor oscilava bastante. Mas era incapaz de fazer mal a uma mosca. Quando estava de bem, Luísa era a festa em pessoa. Quando não estava tão de bem, sumia da faculdade e, quando retornava, tinha seu visual alterado, geralmente cortando os cabelos. Ávida leitora e um faro incomum para a reportagem, alguns amigos a chamavam de Lois Lane (a namorada-repórter do Super Homem). Contestadora e militante da Anistia Internacional, Luísa ainda hoje está envolvida em causas sociais na sua terra natal, Pelotas.

Paulo James (sentado, de pernas cruzadas): Um rocker! Esta era a definição do Paulinho. Músico, desde seu ingresso na faculdade, foi baterista de bandas de rock, como Os Rebeldes e, logo em seguida ajudou a fundar os Acústicos e Valvulados, grupo em que atua até hoje. Mesmo adepto do rock and roll, James (apelido em função de seu visual à la James Dean) nunca foi alienado e sempre participava ativamente das aulas.

Eu, Gerson (acocorado): Estou segurando nas mãos um exemplar da revista Goool. Eu já estava atuando na publicação como sub-editor. Na época, o editor era meu amigo e colega Marcelo Donelles Coelho (hoje na TVE). E eu ostentava com orgulho o fruto de meu primeiro trabalho assinado como profissional num veículo impresso.

Alexandre Rocha: O Rochinha foi meu colega no Colégio Militar. Apesar disso, freqüentamos poucas aulas juntos na faculdade, em virtude dele ter ingressado um semestre antes de mim, apesar de termos sido aprovados no mesmo vestibular. Alexandre enveredou para a carreira acadêmica e é professor da Universidade Federal de Santa Catarina, onde é Doutor em Semiótica. Na foto, segura um exemplar da Sextante, revista-laboratório dos alunos de Jornalismo da Fabico.

Carla Andrade: A Carla era uma das poucas colegas casadas da nossa turma. Casada e já com filhos, apesar de não ser tão mais velha que o restante da turma. Junto com a Inês, pertencia ao time de mulheres-com-voz-rouca. Passou por vários veículos, até abrir sua própria empresa de comunicação, atuando no ramo de assessoria de imprensa.

Nelson Furtado: Meu brotherzão na turma de Jornalismo. Nos primeiros semestres, eu me dava bastante com o Jairo e o Felipe, que cursavam PP. Com o Nelson, encontrei uma espécie de alma-gêmea. Tínhamos gostos parecidos com música, futebol e também por jogar conversa fora. Quando assumi como editor na Goool, convidei-o a fazer uns frilas para a revista. Até hoje nem sei se o Aveline o pagou... Quando entrei na Band, tentei levá-lo junto, mas ele já estava com planos de se mudar para a Alemanha, onde já mora há 12 anos.

Laura Glüer: Outra espécie de alma-gêmea que eu tive na Fabico. Também é capricorniana e muito inteligente. Nos tornamos amigos bem no início da faculdade. Sempre integrávamos os mesmos grupos para fazer os trabalhinhos acadêmicos. Muita amizade, almoços no R.U., no bar da Fabico, bate papos descontraídos e gostos em comum. Depois da formatura, casou-se, morou no interior, tornou-se mãe de uma menina e nos reencontramos no ano passado graças ao Orkut. É professora de Jornalismo e leciona no IPA.

Outros colegas que não estão na foto e que merecem ser citados: Fabrício Carpi Nejar (hoje um consagrado poetas, considerado um dos nomes mais fortes da nova geração literária), Géssica Trindade (atualmente, repórter de Zero Hora no Vale dos Sinos), Sylvio Sirângelo (repórter-fotográfico, funcionário do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, muito provavelmente deve ter sido ele quem bateu a foto acima), Marcelo Cavalcante (o querido "Marcelo Mala", cinegrafista e jornalista veterano), Denise Garcia (produtora cultural, é casada com o cartunista Alan Sieber. Ela tinha os cabelos longos, escorridos e pretos, da cor da asa da graúna.

Como diria o rapper Thaíde: que tempo bom, que não volta nunca mais.

terça-feira, julho 31, 2007

Meu Deus

De novo, Vanessa da Mata. E essa canção, "Meu Deus", é lindíssima. É a minha faixa preferida do disco Sim (2007).

Em ritmo de bolero, Vanessinha praticamente faz uma declaração de amor para seu homem. Pelo menos, é uma cantora que gosta do sexo oposto, ao contrário de algumas de suas colegas. E o cara para quem ela fez a música deve estar "sissi". Imagina, ser homenageado com uma composição destas e ainda escutar a voz macia e suave da moça ao pé do ouvido...




Um homem bonito assim
O que quer de mim
O que ele fará comigo?
Um homem bonito que planos
O que Deus me deu
E que ele fará com os seus
Braços de amansar desejos
Boca de beijo
Corpo de tocar
Meu coração muito tonto
Quer sair de mim

Olhos flechando meus zelos
Bem que o meu corpo já me mostrava
Tentação das mais safadas
Sem dor sem penar

Meu Deus, Ave Maria!
Se ele não é um dos Seus
Ninguém mais seria
Ninguém mais seria


Um homem bonito assim
O que quer de mim
O que ele fará comigo
Um homem bonito que planos
O que Deus me deu
E o que ele fará com os seus
Braços de arrancar desejos
Olhos de gato
Sabor de hortelã
Meu coração muito louco
Quer chegar-se em mim

Olhos flechando os meus zelos
Bem que o meu corpo já me mostrava
Conclusão das mais safadas
Sem dor sem penar

Meu Deus, Ave Maria!
Se ele não é um dos Seus
Ninguém mais seria
Ninguém mais seria

Meu Deus, Ave Maria!
Se ele não é um dos Seus
Ninguém mais seria
Ninguém mais


segunda-feira, julho 30, 2007

Boa sorte/Good luck

Esta bela música está estourada em tudo quanto é rádio. "Boa sorte/Good luck" é uma parceria virtual entre a brasileira Vanessa da Mata e o norte-americano Ben Harper. Vanessinha mostrou a canção para um dos produtores de Ben que levou para o músico em Los Angeles, que topou a missão e verteu a letra para o inglês.

A música, que fala de separação, é bem melancólica (e direta, até). Os versos iniciais dão a pista de que não tem conversa: é só isso/ não tem mais jeito/ acabou, boa sorte. Além da guitarra de Ben (que a toca sentado, com o instrumento em seu colo), o arranjo conta com o auxílio luxuoso do baterista Sly Dunbar e do contrabaixista Robbie Shakespeare (a cozinha mais poderosa da música jamaicana).

No CD Sim, lançado este ano por Vanessa da Mata, ela e Ben puseram a voz em estúdios diferentes, separados por milhares de quilômetros. Já o clipe foi gravado em L.A. (of course, man!). E em algumas cenas aparecem o encontro (desta vez real) entre os dois.



É só isso
Não tem mais jeito
Acabou, boa sorte
Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que eu sinto
Não mudará

Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz
Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais

That’s it
There is no way
It over, Good luck
I have nothing left to say
It’s only words
And what l feel
Won’t change

Everything you want to give me
It too much
It’s heavy
There is no peace
All you want from me
Is’nt real
Expectations

Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz
Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais

Mesmo, se segure
Quero que se cure
Dessa pessoa
Que o aconselha
Há um desencontro
Veja por esse ponto
Há tantas pessoas especiais

Now even if you hold yourself
I want you to get cured
From this person
Who poisoned you
There is a disconnection
See through this point of view
There are so many special people in the world
so many special people in the world in the world
All you want
All you want

Tudo o que quer me dar /Everything you want to give me
É demais / It too much
É pesado / It’s heavy
Não há paz / There is no peace
Tudo o que quer de mim / All you want from me
Irreais/ is’nt real
Expectativas / Expectations
Desleais

Now were Falling into the night
Um bom encontro é de dois

sábado, julho 28, 2007

Não tem cara de tiozão

Música bem-humorada, da fictícia banda The Uncles, para o comercial de um tremendo carrão...

Mas só tiozão mesmo teria uns 70 pilas pra comprar este bólido. Mas sem dúvida, o Sentra, da Nissan, "acelerou meu coração".

Musa do Pan


Que Maurren Maggi nada! Que Marta (da Seleção de futebol feminino) nada! A musa dos Jogos Pan-americanos não esteve em nenhuma delegação, não correu, não saltou, nem suou. Não disputou nenhuma medalha e sequer esteve na Arena Olímpica do Rio.

Cristiane Dias foi, sem dúvida, a melhor coisa da cobertura televisiva do Pan 2007. Os boletins noturnos da competição, apresentados pela jornalista e levados ao ar sempre depois do Jornal da Globo e antes do Programa do Jô, foram um show de competência e de charme!

A guria é gaúcha, daqui de Porto Alegre, tem 26 anos, e mora há oito na Cidade Maravilhosa, onde se formou pela Faculdade Hélio Alonso (Facha). Atualmente, co-apresenta o Esporte Espetacular, aos domingos pela manhã.

sexta-feira, julho 27, 2007

Hard working man


Olha aí o negrão refestelado junto com seus colegas da assessoria do IPA. A foto foi tirada no Colégio Americano.

No sentido horário (acima): Carlos Ismael (de braços cruzados), Alex, Carol, Diéli, Vanessa, Aline e Fernando.

quinta-feira, julho 26, 2007

O Astronauta

Adoro esta música...



Roberto Carlos
O astronauta
autores: Edson Ribeiro e Helena dos Santos

Não tenho mais nenhuma razão
Pra continuar vivendo assim
Não posso mais olhar tanta tristeza
Por isso não vou mais ficar aqui
O mundo que eu queria não é esse
O mundo é só de sonhos

Bombas que caem jato que passa
Gente que olha o céu de fumaça
Meu amor não sei por onde anda
Será que os amores já morreram ?
Um astronauta eu queria ser
Pra ficar sempre no espaço

E desligar os controles
Da nave espacial
E pra ficar pra sempre
No espaço sideral
Não vou voltar
Pra terra não, não, não vou voltar


quarta-feira, julho 25, 2007

Bah, nem falei do Pan...



Nossa!!!

Os últimos dias estão sendo complicados em nosso país. A tragédia da queda do avião da TAM no dia 17 de julho obscureceu fatos que tinham tudo para ocupar ininterruptamente todas as manchetes de jornais e rodas de bate-papo até o final do mês, como os Jogos Pan-Americanos Rio 2007. Com isso, o escândalo envolvendo as contas do senador Renan Calheiros foi posto para quinto, sexto ou sétimo plano, já que TAM, Pan, caos aéreo, morte de ACM e até o incêndio no Shopping Total aqui em Porto Alegre tomaram conta das discussões dos últimos dias.

Mas a maior festa esportiva das Américas ainda está acontecendo e, até o próximo domingo, ainda vamos conviver com boletins diários, pódios, ranking de medalhas, quebra de recordes e o ufanismo de Galvão Bueno gritando ÉÉÉÉÉ DOOO BRAAAASIIIIL, se esgoelando a plenos pulmões.

O mascotinho Cauê é bem engraçadinho e, como diria minha afilhada Camile, de três aninhos, o "bonecrinho" é um desenho "muito fofo". No entanto, a organização do Pan Rio 2007 ainda terá que explicar porque a competição estava orçada em R$ 250 milhões e acabou custando mais de R$ 3,5 bi!!!!

Mas é isso aí. Tudo em nome da alegria, tudo em nome do amor... E segue a torcida para ganharmos muitas medalhas e cantarmos o Hino Nacional tantas quantas vezes for possível. Afinal, durante eventos como Copa do Mundo, Olimpíadas, Jogos Pan (e até Grande Prêmio de Fórmula 1) são momentos em que nunca fomos tão brasileiros.

sexta-feira, julho 20, 2007

Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito


Hoje é o dia do amigo.


Me parece que a origem da data é controversa. A versão mais difundida é de que um argentino escolheu o dia 20 de julho (data em que o homem pisou na Lua, em 1969) escolha porque não considerou a conquista não somente uma vitória científica, como também uma oportunidade de se fazer amigos em outras partes do universo(!) Assim, durante um ano, o cara divulgou o lema "meu amigo é meu mestre, meu discípulo e meu companheiro". A data foi estabelecida por decreto na Argentina em 1979. Gradativamente, outros países adotaram o dia 20 de julho como Dia do Amigo.

Na verdade, todos os dias são propícios para as amizades, e nossos amigos devem ser lembrados todos os dias. Mesmo assim, eu desejo a todos meus amigos queridos, neste dia 20 de julho, um feliz Dia do Amigo!


A amizade é uma coisa sagrada e o combustível emocional desta vida. Muito obrigado por vocês existirem, estarem na minha vida e me ajudarem a "agüentar o tirão"!!


Um abraço aos queridos e um beijão nas queridas!!

...


188 vítimas no maior acidente da aviação brasileira. 188 minutos de silêncio...

quarta-feira, julho 11, 2007

Funk do choque do Lasier

Primeiro, enviaram por e-mail.

Depois, publicaram no YouTube.

E não é que agora transformaram a história do choque que o apresentador de tevê Lasier Martins tomou no ar, em plena transmissão ao vivo do Jornal do Almoço direto da Festa da Uva, em um animado funk? Eu não me agüentei de tanto rir.

Mas a cara de "the show must go on" que a Cristina Ranzolin faz no final é impagável... Hay-haaay!!

quinta-feira, julho 05, 2007

Quero ser feliz também

Adoro essa música.

E curto muito o jeitão riponga e a atitude pacifista do Natiruts. Uma das bandas surgidas no final dos anos 90 e que ainda estão por aí e que têm mensagem e muita competência no som. E mais do que nunca, eu "quero ser feliz também"!!

Quero ser feliz também
(Alexandre)

Cresça, independente do que aconteça
Eu não quero que você esqueça
Que eu gosto muito de você

Chego e sinto o gosto do teu beijo
É muito mais do que desejo
Me dá vontade de ficar
Teu olhar
É forte como água do mar
Vem me dar novo sentido pra viver
Encantar a noite

Eu quero ser feliz também
Navegar nas águas do teu mar
Desejar para tudo o que vem
Flores brancas, paz e Iemanjá


Cresça, independente do que aconteça
Eu não quero que você esqueça
Que eu gosto muito de você

Chego e sinto o gosto do teu beijo
É muito mais do que desejo
Dá vontade de ficar
Teu olhar
É forte como água do mar
Vem me dar novo sentido pra viver
Encantar a noite

Eu quero ser feliz também
Navegar nas águas do teu mar
Desejar para tudo o que vem
Flores brancas, paz e Iemanjá
(2x)





Intolerância nos tempos de cólera...

Ainda me causa engulhos aquelas pichações com insultos racistas contra a implementação de cotas raciais que emporcalharam os muros e as calçadas nos arredores do Campus Central da Ufrgs nos últimos dias do mês de junho. Meu Deus!

Já não bastasse a insegurança e a impunidade, agora estamos vítimas também da intolerância!

Tudo isso porque o debate a respeito das ações afirmativas não é qualificado. A maioria das opiniões que leio, vejo e escuto e que se mostram contrários à medida mudam o foco sobre a discussão, sempre cantando o mesmo refrão de que “as cotas têm que ser sociais e não raciais”, chegando ao requinte de questionar “por que elaborar cotas apenas para os negros e não para as outras etnias”? Ou o discurso surrado de que “é preciso melhorar a educação no Brasil e dar acesso à população ao ensino básico”. Ok, mas isso, na prática, só empurra o problema com a barriga e não se resolve nem uma coisa nem outra.

No Brasil, as cotas são realidade em 16 universidades federais e em mais 19 universidades estaduais de Ensino Superior. E o Rio Grande do Sul, estado mais caucasiano do país, nesse aspecto, vem se caracterizando pelo atraso. A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que deveria ter votado as cotas em junho, cancelou a reunião e ainda não estabeleceu nova data. Na Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg), a discussão não deve ocorrer neste ano. A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) não iniciou o debate.

Eu ainda quero escutar de algum filósofo, historiador, atropólogo ou intelectual que explique porque conflitos raciais acontecem nas regiões do ponto cardeal sul. O que é que tem esse tal de sul? É o sul dos Estados Unidos, África do Sul, sul do Brasil...

Se eu não encontrar ninguém que me responda isso eu mesmo pesquisar esse assunto que renderia teses e até livros.










sábado, junho 30, 2007

Da série "Por que eu queria ser Denzel Washington"...



...porque é um excelente ator;
...porque é um baita ator;
...porque, além de um puta ator, é irmão;
...porque deu essa bela "carcada" na Julia Roberts!!!

"Fala sério. Que mané oscar o quê! Troféu de verdade é este de vestido preto e de cabelos ruivos que eu tô agarrando pela cintura..."

terça-feira, junho 26, 2007

All we hear is radio ga ga... radio gu gu... radio blah blah



Às vezes me dá raiva em escutar rádio. Principalmente as ditas "FMs jovens". Quanta abobrinha, meu Pai do Céu!!

E o pior é que eu sou fissurado em rádio. Tenho esse utilitario inventado por Marconi no carro, no quarto, no computador, no walkman (bah, nessa época de iPods, pen drives e mp3 e mp4 players, invocar o hoje quase obsoleto walkman é bem coisa de tiozão) e até na cozinha. E, se possível, não dispenso um radinho quando estou trabalhando nem quando vou dormir. Coisa boa é pegar no sono escutando uma música ou um bom programa na madrugada...

Mas o lance é que é preciso uma paciência de Jó. Para os encontrar os tais "bons" programas de rádio, é necessário dar uma de Indiana Jones para ir ao encontro aos tesouros perdidos.

Digo isso porque me irrita profundamente esses programas para jovens que algumas emissoras têm a coragem de pôr no ar. O público-alvo - o jovem - é retratado como um babaca, beócio, parvo e tolo. Programas sem idéias, sem conteúdo, só cretinice. E um programa se assemelha bastante com o da emissora concorrente. Parece que é deflagrado um campeonato para saber quem é que fala mais bobagem. Meu Deus! Não é só revistas, filmes e novelas que devem ser classificados como impróprios para menores de 18 anos. Tem muito programa de rádio que, de tão ruim, chega a ser pornográfico.

E o jovem, será que aceita consumir esse tipo de produto, que é um verdadeiro atentado ao bom senso, ao bom gosto, à inteligência?

O supergrupo Queen já cantava uma certa decadência da programação radiofônica, nos idos do início da década de 1980, perante o surgimento da MTV e o que se ouvia naquela época era apenas gagá, gugu, bla-blá.

All we hear
Is radio ga ga
Radio goo goo
Radio ga ga
Radio blah blah
Radio what's news?
Radio someone still loves you


Tudo o que se ouve
É gagá, gugu, bla-blá
Rádio, cadê as notícias, as novidades?
Rádio, alguém ainda te ama


Dois programas que eu gosto de escutar nas FMs jovens que, infelizmente, são transmitidos quase no mesmo horário. O Pânico (Jovem Pan FM, do meio-dia às 14h), em que se faz um humor profissional, com direito à iconoclastia dos ídolos de pés de barro e das efêmeras celebridades artificiais catapultadas à fama pelos reallity-shows da vida. E também o Talk Radio (Ipanema FM, do meio-dia às 13h), com a apresentação de Kátia Suman, discutindo assuntos do momento e fazendo a galera pensar.

O resto, infelizmente, é café pequeno.

domingo, junho 24, 2007

Onde estão os negros da Argentina?


Na próxima terça-feira (26) inicia mais uma Copa América de Futebol. E a Seleção Brasileira, treinada por Dunga, estréia na quarta (27) contra o México, na cidade venezuelana de Puerto La Cruz.

Mas peguei o assunto do futebol só como gancho. É que uma coisa sempre vinha me deixando intrigado: nunca vi um negro atuando em qualquer seleção esportiva argentina, seja em Copa do Mundo, Jogos Pan-Americanos ou Olimpíadas. O que aconteceu com os negros do vizinho portenho?

Houve escravidão em toda América Latina. A importação de negros chegou até esta parte do Hemisfério Sul. Basta ver atletas e artistas brasileiros, uruguaios, colombianos, equatorianos, venezuelanos, peruanos, etc. E na Argentina, o que houve? Meu irmão Gilson esteve na Argentina há cerca de 10 anos. Viajou com colegas da faculdade na época em que ele cursava Geografia na Ufrgs para um encontro universitário em Buenos Aires. E ele, que tem a pele levemente mais escura do que a minha, disse que os estudantes argentinos puxavam papo com ele em francês, pensando que ele tivesse nascido no Senegal, Camarões ou Costa do Marfim (países africanos que foram colônias francesas). E ele chamava a atenção por ser negro. Era o chocolate no meio do creme de baunilha. Foi por essas curiosidades que eu resolvi dar uma pesquisadinha no assunto.

Na Argentina não tem negros porque foram todos mortos há pouco mais de um século. Jorge Lanata é um dos mais importantes jornalistas argentinos, fundador do diário “Página/12” e autor de Argentinos (em espanhol, Editora Argentina), uma belíssima história de seu país em dois volumes, lançada em 2002. Nos livros, ele batiza os negros de los primeiros desaparecidos, referência aos mortos pela ditadura militar recente. E traz números: no censo de 1778, 30% da população tinha origem africana. A proporção se mantém no censo de 1810, cai para 25% em 1838. Em 1887, repentinamente, compõe menos de 2%. Mas no início, bem no início, há depoimentos de que a proporção de negros e brancos em Buenos Aires chegou a ser de 5 para 1.

Durante seu primeiro século de vida, a capital argentina sobreviveu às custas do comércio negreiro. No século 16 até a primeira metade do 17, a coroa espanhola drenava o ouro e a prata do Potosí, na atual Bolívia. Foi este o negócio que batizou o Rio da Prata – e foram principalmente mãos negras que tiraram das minas subterrâneas os metais que sustentaram a Europa. Os escravos que trabalharam no Potosí vinham principalmente de Angola. Eram negociados pelos peruleiros, que faziam a rota Potosí-Buenos Aires-Rio-Luanda. O Rio de Janeiro também sobreviveu economicamente por conta do tráfico, numa época em que o açúcar do Nordeste era de qualidade muito maior. No Rio chegavam os escravos, pagos em boa parte não com dinheiro mas com açúcar, cachaça, mandioca e tabaco, que serviam de moeda de troca na África. Os escravos eram transportados então para Buenos Aires, onde entravam ilegalmente, e enviados Prata acima até as minas. Era um jogo onde todos, inclusive os governadores, eram contrabandistas. A relação na rota de tráfico entre Rio e Buenos Aires era tão íntima que, quando veio a separação da União Ibérica, os cariocas chegaram a sugerir aos hermanos que se bandeassem para o lado português.

Como no Brasil, todo o serviço, doméstico ou não, nos séculos 17 e 18 foi feito por mão-de-obra negra e escrava na Argentina. Então desapareceram e a história local ensinada nas escolas se cala sobre o assunto. Francisco Morrone, autor de Los negros en el ejército: declinación demográfica e disolución, é um dos historiadores que tenta recuperar o que houve. Segundo Morrone, uma das coisas que aconteceu foram casamentos mistos que, lentamente, clarearam a pele de filhos e netos. É o tipo da resposta que explica quase nada. Mas aí ele mete o dedo na ferida.

A abolição da escravatura na Argentina começou em 1813, foi confirmada pela Constituição de 1853 – bem antes à brasileira. Durante o século 19 todo, o país se meteu numa guerra após a outra. Contra invasões por parte de Inglaterra e França, então a Guerra da Independência seguida do banho de sangue da luta interna entre caudilhos pelo poder e culminando com a Guerra do Paraguai, na qual seguimos aliados. Por todo este período belicista, a Argentina pôs seus negros na linha de frente dos exércitos, os primeiros a levar tiros, às vezes de espingardas – muitas vezes servindo de isca para que o inimigo gastasse as balas de canhão.O golpe final foi a grande epidemia de Febre Amarela em 1871, que se abateu sobre os bairros de Buenos Aires para onde os negros que sobraram foram transferidos. Depois, nos primeiros anos do século 20, assim como no Brasil, houve uma enorme migração européia, principalmente de italianos, que marcaram o sotaque portenho como marcaram cá o paulistano. A diferença é que, a essas alturas, os poucos mulatos não tiveram melanina suficiente para escurecer a pele da população restante.

A Argentina teve, sim, escravos, exatamente como o Brasil e na mesma proporção. Nos momentos seguintes à sua independência, aboliu a escravidão para pôr em marcha uma política de branqueamento da população. No caso, isso quer dizer genocídio. Diga-se de passagem, nos primeiros anos da República isto foi motivo de inveja por parte do governo brasileiro. Não há inocentes.

sábado, junho 23, 2007

Mangueira, estou na plataforma da estação primeira

Meu pai era fã do cantor Jamelão. Na época da "eletrola", o Seu Paris gostava de botar um LP e ficar imitando a voz do intérprete mangueirense pela casa todas faixas do disco. Eu me criei escutando o meu pai cantar as músicas de Lupicínio Rodrigues na voz do "Jamela".

Poucos dias depois que o meu pai se foi, passou um programa especial sobre o Jamelão na televisão justamente cantando aquelas músicas que eu escutava desde a infância. Pronto. A partir daquele momento, percebi que eu sou uma manteiga derretida e que fiquei muito suscetível a me emocionar facilmente. Não são lágrimas de tristeza, mas gotas de saudade.

Não escuto mais a voz de meu pai e a de Jamelão está debilitada devido a dois AVCs sofridos pelo cantor no ano passado e é bem provável que a gente não a ouça mais, já cansada, do alto de seus 94 anos.

Mas, como as músicas são eternas e para a gente ficar feliz, divido com todos dois momentos do grande Jamelão:

1) primeiro, um vídeo do cantor, recebendo Chico Buarque para uma roda de samba no morro de Mangueira. A música é "Piano na Mangueira", parceria que Chico e Tom Jobim fizeram quando o segundo foi tema do carnaval da verde e rosa, em 1992. O vídeo tem direito até a participação de um cachorro latindo e fazendo xixi.



Mangueira
Estou aqui na plataforma
Da Estação Primeira
O morro veio me chamar
De terno branco e chapéu de palha
Vou me apresentar à minha nova parceira
Já mandei subir o piano pra Mangueira

A minha música não é de levantar
Poeira
Mas pode entrar no barracão
Onde a cabrocha pendura a saia
No amanhecer da quarta-feira
Mangueira
Estação Primeira de Mangueira

2) um arquivo em mp3 do único samba enredo composto por Jamelão que foi levado para a avenida. Trata-se de "Cântico à natureza - Primavera", de 1955, que tem como autores Alfredo Português e Nelson Sargento. Notem a pureza cristalina da sua bonita voz grave. Fosse nascido nos Estados Unidos, Jamelão seria um mito, tipo Louis Armstrong ou Nat King Cole. Mas, sabe como é... estamos no Brasil!

http://www.4shared.com/file/18462723/be17960c/Jamelo_-_Cntico__Natureza.html

Brilha no céu o astro rei
Com fulguração
Abrasando a terra
Anunciando o verão
Outono
Estação singela e pura
É a pujança da natura
Dando frutos em profusão
Inverno
Chuva, geada e garoa
Molhando a terra
Preciosa e tão boa
Desponta
A primavera triunfal
São as estações do ano
Num desfile magistral

A primavera
Matizada e viçosa
Pontilhada de amores
Engalanada, majestosa
Desabrocham as flores
Nos campos, nos jardins e nos quintais
A primavera
É a estação dos vegetais

Oh! Primavera adorada
Inspiradora de amores
Oh! Primavera idolatrada
Sublime estação das flores

sexta-feira, junho 22, 2007

Paulinho da Viola e os Quatro Crioulos



Esse é um tipo de música que deixa a minha vida mais feliz.

Gravado de um especial de tevê de 1980, Paulinho da Viola revive com os "quatro crioulos", momentos do show Rosa de Ouro, que lançou os cinco sambistas e mais a rainha Clementina de Jesus e que alçou os artistas à condição de grandes nomes da MPB.

Os Quatro Crioulos eram:

Elton Medeiros (de óculos, percussão): um dos mais importantes sambistas brasileiros. Parceiro musical mais constante de Paulinho da Viola. No vídeo, canta "O sol nascerá", parceria dele e Cartola.

Nelson Sargento (violão): Tive o prazer de conhecer o sambista em 1997, quando fui cobrir o festival de cinema de Gramado. Nelson foi homenageado com um curta-metragem rodado por Estêvão Chiavatta, marido de Regina Casé. No vídeo, canta "Primavera - Cântico à natureza", samba da Mangueira de 1955.

Anescarzinho (percussão): integrante da ala dos compositores do Acadêmicos do Salgueiro. Autor, entre outros, do samba enredo "Chica da Silva", considerado um dos mais belos da história do carnaval. Faleceu em 2000. No vídeo, canta "Água do rio", de sua autoria, junto com Noel Rosa de Oliveira.

Jair do Cavaquinho (de bigode): também portelense, a exemplo de Paulinho. Integrava a Velha Guarda da Portela desde os anos 80. Faleceu em 2006. No vídeo, canta "Pecadora", de sua autoria, junto com Joãozinho. A música voltou às paradas de sucesso há cerca de dois anos, ao integrar a trilha sonora de uma novela das oito, regravada pelo Grupo Revelação.

Ordem das músicas no vídeo:

Quatro crioulos (Joacir Santana - Elton Medeiros)
Rosa de ouro (Elton Medeiros - Paulinho da Viola - Hermínio Belo de Carvalho)
O sol nascerá (Elton Medeiros - Cartola)
Primavera - Cântico à natureza (Alfredo Português - Jamelão - Nelson Sargento)
Água do rio (Anescarzinho - Noel Rosa de Oliveira)
Pecadora (Jair do Cavaquinho - Joãozinho)
Pode guardar as panelas (Paulinho da Viola)
Guardei minha viola (Paulinho da Viola)

Ô, coisa boa!!!

quarta-feira, junho 20, 2007

À luta, tricolor!


Pior do que não ganhar a final da Taça Libertadores, é não chegar na final da Taça Libertadores e ainda ser eliminado na primeira fase.

Valeu, Grêmio!

Eu acredito


Milagres acontecem...


Afinal, o Inter não ganhou do Barcelona com um gol do Gabiru?


Vâmo, vâmo, vâmo Grêmiooo!!!

De novo a Amy...


Esses dias eu comentei sobre a Amy Winehouse, uma competente cantora que é a nova darling dos "mudernos". Bem, quero dizer que não tenho nada contra o som dela, que é de muita qualidade, aliás. Só acho um exagero de certos setores da mídia quererem transformá-la já numa diva.

Gente, achei uma foto dela na internet que eu me apavorei!!! Ela é bem jovem, tem apenas 23 anos, tem vozeirão, talento e aquela coisa toda. Só que ela já foi "cheinha" e me parece que a própria não curtia muito aquela situação começou a forçar a barra para perder peso. E pelo que se escuta por aí, sua dieta é regada a muito álcool.
Na foto acima, à esquerda, é a imagem atual da Amy. À direita, ela em 2003. Nem parecem a mesma pessoa, né? Na boa, magreza desse jeito é exagero e a cantora parece um cadáver ambulante. Coitada...
Qual dos momentos da Amy vocês preferem? Eu, que sou muito simpático às gordinhas (e a Leticia sabe disso), sou suspeito para falar e já fiz a minha escolha. Mas, brincadeiras à parte, a gata tem que se cuidar.
Além disso, diz que a mocinha adora um barraco. Recentemente, ela precisou cancelar alguns shows, pois quebrou dois dentes, após passar a tarde inteira num pub abaixo de drinques e cair podre de bêbada. Acho que muita gente se lembra do caso da talentosa cantora norte-americana Karen Carpenter, que muito se achava gorda e morreu anoréxica em 1983, com menos de 40 quilos.
O álbum Back to black - o segundo lançado pela cantora - traz como primeiro hit, "Rehab". Esta, por sinal, é barra pesada - a letra - cujo título, em bom português, é "reabilitação". A canção trata dos problemas da cantora com o álcool, já conhecidos publicamente ("eu e a bebida temos uma relação bem intensa, de amor e ódio", confessou ela com exclusividade para um jornal brasileiro, recentemente). Reaja, Amy! Ou melhor:
- "Rehab", guria!!!

terça-feira, junho 19, 2007

Cotas...

Estou tentando assistir ao ótimo MTV Debate, com Lobão estreando como entrevistador, mas devo confessar que não paro de ter engulhos.

O tema são as cotas para negros na universidade. E novamente volta aquela polêmica de que se trata de uma "medida racista", que se deve "melhorar o nível da educação fundamental", que deve se estabelecer cotas sociais e não raciais.

Vou reproduzir então uma entrevista publicada na edição de 30.06.2003 (há quatro anos, portanto) na Revista Época. O entrevistado era o professor Roberto Miranda (ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). É interessante ver o ponto de vista dele sobre o assunto...

ROBERTO MARTINS

Dados pessoais: Nascido em Belo Horizonte, Minas Gerais, tem 55 anos, uma filha e dois netos.

Trajetória: Economista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais, fez mestrado e doutorado nos Estados Unidos, lecionou na graduação e na pós-graduação por 30 anos e presidiu o Ipea de 1999 a 2002. Trabalha em um grupo de estudo da ONU que trata de racismo e ações afirmativas.

ÉPOCA - O que está dando errado na política de cotas para negros?

Roberto Martins - A polêmica maior ocorreu na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), com a cumulatividade da cota de estudantes de escolas públicas com a de negros. Isso resultou numa cota muito alta, mas pode ser corrigido se for eliminado o primeiro critério. De qualquer forma, as críticas eram previsíveis. Até hoje a sociedade brasileira se recusa a discutir o racismo, pois continua presa ao mito da democracia racial: a falsa idéia de que no Brasil não há discriminação.

ÉPOCA - Esse sistema não favoreceria somente negros de classe média, que nem precisariam da cota?

Martins - É claro que o sistema não teria sentido se só colocasse na faculdade pessoas que entrariam de qualquer jeito. Mas a realidade é outra. Sem a cota, os negros não estão entrando. Na Universidade de São Paulo, os negros são apenas 1,3% dos 39 mil alunos. Isso é irrisório em um país onde 45% da população é negra.

ÉPOCA - A questão não precisa ser mais debatida?

Martins - Esse é um argumento falacioso. A única maneira de debater é fazer. O movimento negro tenta debater há décadas e ninguém se interessou. Essa é a primeira vez que se ouve falar disso na rua, na fila do banco. As reclamações de quem ficou de fora são naturais. Cota é o aspecto mais polêmico da ação afirmativa. Se alguém propuser celebrar a contribuição do negro para a cultura ou criar um memorial Zumbi, ninguém reclama. Quando alguém faz ação afirmativa de verdade, há reações.

ÉPOCA - A cota da Uerj nasceu de uma ordem do governo. Não seria melhor se tivesse origem na universidade?

Martins - Claro que é sempre desejável ampliar a discussão, mas não acredito em consenso nesse caso. O Estado, portanto, faz bem em liderar o debate. Em algumas coisas, como na luta pela preservação do meio ambiente, a sociedade saiu na frente. Na questão racial, o Estado é que está à frente, e isso não é ruim.

''Vi gente dizendo que raça não existe do ponto de vista genético. Mas o problema não é genético, é social. As pessoas são vítimas de discriminação em função de características sociais. Entre os ricos, 90% são brancos e 10% negros. Entre os miseráveis, a proporção é sete negros para três brancos''

ÉPOCA - Alguns especialistas consideram que o sistema é inconstitucional, pois fere o princípio de que todos são iguais perante a lei.

Martins - Eu fico com a opinião do ministro Marco Aurélio Mello (do Supremo Tribunal Federal), que já defendeu a legalidade. A Constituição não apenas permite a adoção da cota como induz a isso, pois pede que se busquem meios para promover a igualdade. Hoje, vemos que a simples aplicação do princípio da igualdade perante a lei não promove a igualdade, mas perpetua desigualdades históricas. É como dar um Fusca a um e uma Ferrari a outro e competir com as mesmas regras. Não queremos tratar iguais de forma desigual. O objetivo é tratar desiguais de forma desigual. Tem mais: se for usar esse raciocínio, não há por que dar privilégios para deficientes e idosos, por exemplo. Isso existe porque reconhecemos uma desvantagem dessas pessoas que precisa ser compensada. Com o negro é o mesmo caso. A diferença racial não é natural. Ela foi criada e agora precisa ser desconstruída com uma ação temporária.

ÉPOCA - Quanto tempo?
Martins - A política de ação afirmativa nos Estados Unidos começou em 1975. Hoje, a classe média negra americana é quatro vezes maior, com empresários, advogados e médicos negros. Basta ver Colin Powell (secretário de Estado), que se declara produto da ação afirmativa. Três décadas, portanto, podem gerar um efeito poderoso. Suspeitamos que a desigualdade no Brasil hoje seja maior que a americana de 1975. E temos um dado impressionante: na África do Sul, mesmo durante o apartheid, a desigualdade educacional entre brancos e negros estava decrescendo. No Brasil até hoje isso não aconteceu.

ÉPOCA - Então por que nesses países há conflitos raciais e aqui não há?
Martins - Eles discutiram o problema mais cedo e a reivindicação foi mais intensa. No Brasil, a negação do racismo gera esse efeito: não se faz nada. É uma paz falsa, pois ela está ancorada na permanência da desigualdade. Não há Ku Klux Klan no Brasil, mas também não precisa ter, já que negros são mantidos fora do mercado sem violência.

ÉPOCA - Isso quer dizer que a adoção da cota poderá potencializar conflitos raciais no Brasil?
Martins - Sim, é possível. Em todo lugar onde ela foi implantada, o conflito se acirrou. Quando isso acontece, o Estado decide que a promoção da igualdade é um objetivo justo e continua bancando. O país pode ter, sim, algum conflito se implantar o sistema de promoção da igualdade racial. E o que terá se não implantar nada?

ÉPOCA - A cota não representa risco para a qualidade do ensino, já que une pessoas que estão em patamares diferentes de aprendizado?
Martins - Fui professor universitário por 30 anos e essa história não procede. Nem todo mundo que entra na faculdade é gênio. Já vi gente fraca entrar e acompanhar bem. Dizem que a cota é humilhante para o negro. Humilhante é não ter médicos, juristas e generais negros. Não se propõe cota de médicos negros nos hospitais, mas cotas para entrar no curso de medicina. Como lá dentro todos passam pelo mesmo crivo, o médico negro não será pior que o branco.

''Não temos leis racistas e de fato há um razoável grau de miscigenação, o que leva as pessoas a achar que não há discriminação. Mas isso é um mito. Note que a Ku Klux Klan apareceu nos EUA depois da escravidão. Aqui esses movimentos não surgiram talvez porque os negros não estejam disputando o mercado''

ÉPOCA - Como resolver o problema do branco que se declara negro só para se beneficiar da cota?
Martins - Toda vez que há uma política focalizada surge o problema da identificação. É inevitável. Certamente há gente fora do limite da renda do Programa Bolsa-Escola sendo beneficiada, por exemplo. De qualquer forma, uma idéia é criar controle social sobre a raça. A Uerj pode montar uma comissão da comunidade para resolver casos duvidosos. Se há dúvida quanto à cor do candidato, vamos ver qual é a percepção da sociedade sobre ele. A maioria das inscrições não dá problema e isso não pode servir de desculpa para não fazer nada.

ÉPOCA - Se a comissão disser que o sujeito não é negro, vão dizer que ela está discriminando.
Martins - Já ouvi o seguinte: 'Para resolver o problema de identificação, basta chamar a polícia. Ela sabe quem é negro e quem é branco, pois atira mais no negro que no branco'. Ora, se a sociedade brasileira é capaz de distinguir na hora de discriminar, por que não seria capaz de fazer o mesmo na hora de promover a igualdade?

ÉPOCA - Por que escolher o negro para fazer ação afirmativa, e não o índio, o homossexual ou a mulher?
Martins - Por causa do tamanho. O Brasil tem a segunda maior população negra do mundo, atrás da Nigéria. Não deixo de reconhecer outras desigualdades, mas o problema maciço é o da raça. Além disso, a questão da mulher vem sendo enfrentada com progressos no mercado. A ação afirmativa não elimina a obrigação do Estado de investir em educação. Mas, por ser persistente, o problema merece ser tratado com instrumentos específicos. Um jovem branco com 25 anos tem 2,3 anos de estudo a mais que um negro. Na época dos avós desses jovens, a distância de estudo entre os grupos era a mesma. Um século de progresso não serviu para aproximar as raças.

ÉPOCA - Na comparação de salários, a média dos negros é menor que a dos brancos. Mas isso não seria resultado apenas da diferença de escolaridade? Onde está a discriminação?
Martins - Ao comparar salários de brancos e negros com a mesma escolaridade constata-se que os negros ganham menos, o que denuncia a discriminação. Nunca vi um indicador em que o negro estivesse pelo menos empatado com o branco. Está sempre pior. O único em que há aproximação é o do acesso ao ensino fundamental, apenas porque, nesse caso, o país está próximo da universalização.


Professor Roberto Martins