Nesta época do ano, assim como o Natal, multiplica-se o número de crianças que pedem esmola na rua e que bancam os malabaristas de sinal fechado. Os piás disputam espaço com os mais velhos, que oferecem uma rápida lavagem no vidro do pára-brisas enquanto os bólidos permanecem parados durante o vermelho aceso da sinaleira.
Eu estava voltando pra casa, na Quinta Feira Santa. Eu dirigia pela Ipiranga e logo depois da Amrigs, dobrei à direita, na Salvador França, para pegar a Bento Gonçalves. Parei na sinaleira, do cruzamento da Salvador com a Bento, em frente à entrada lateral da Igreja São Jorge. Um cara, de seus 25 anos, sem camisa e de bermudão e chinelos já veio com o rodo em direção ao vidro do pára-brisa do meu carro. Fiz sinal de positivo com o dedão e ele começou a lavar o vidro. Quando ele veio falar comigo pela janela, pedi que ele fizesse o favor de fazer o mesmo no vidro traseiro, que estava ainda mais sujinho do que o da frente. O cara repetiu a operação e quando ele veio, esperando uns 50 centavos, puxei uma nota de cinco pilas, porque me deu pena do cara, que parecia realmente estar precisando.
O homem pegou a nota, levantou a cabeça e as duas mãos pro céu, como se agradecesse uma graça divina, beijou a nota e fez vários sinais-da-cruz em seqüência. Fiquei impressionado com a reação daquele jovem durante os rápidos segundos de tal cena até que esverdeou o sinal, arranquei o carro e pelo retrovisor ainda vi que o rapaz estava enebriado com a modesta esmola de cinco reais.
Modesta pra mim. Valiosa para ele. Mesmo com as orientações de que não se deve dar esmolas, acho que ajudei alguém a ficar um pouco feliz. Dizem que não se deve dar o peixe e que o certo é ensinar a pescar. Mas tem gente que não tem força nem pra segurar o caniço.
2 comentários:
FALA BRISOLARA CLUB!!!
DEIXEI UM RECADO NO ORKUT...NA VERDADE NÃO LI AINDA SEUS "POSTS" AQUI DO BLOG, POIS TENHO QUE SAIR AGORA! MAS LOGO, LOGO ESTAREI ENVIANDO ALGUM COMENTÁRIO....EHEHEH
GRANDE ABRAÇO E ATÉ MAIS!!!
ZÉCA (GARCYA)
Fico muitas vezes pensando,onde estarão estas pessoas daqui a alguns anos? Quando vejo mendigos na rua, fico pensando de onde vieram estas pessoas, como foi seu passado, o que será do futuro delas...por vezes, quando eu passei a minha década perdida (pois lá se foram dez anod da minha vida que não fiz outra coisa se não estudar, porque trabalho que era bom não aparecia...), me dava um pavor de imaginar que aquelas cenas seriam algo do tipo "eu sou você amanhã"...quem já não passou pelo centro e não viu um senhor, que aparenta uns 60 anos, perto da esquina democrática, ele está sempre no chão, devido a uma deficiência (paralisia?). E o tempo passa a nada dos órgãos competentes fazerem algo...
Postar um comentário